Comex do Brasil
O mercado chinês e a sua capacidade em promover o desenvolvimento turismo no mundo foi um dos grandes temas da 39ª Feira Internacional de Turismo de Madri, Espanha, que se encerrou no último domingo (27). Foram realizados seminários específicos para discutir o tema, mas o que se observa é que de forma direta ou indireta o impacto das ações no mercado chinês norteou dezenas de outras reuniões, seminários, workshops e fóruns que estão sendo realizados no evento.
A Embratur discutiu oportunidades na China em debates com a OMT e WTTC. O tema também integrou a agenda de reuniões do Instituto, incluindo encontro com a executiva Jennifer Zhang, representante da operadora chinesa Ctrip, a maior operadora de turismo online do país, detentora de 70% de compras online de viagens do turista chinês. A Embratur vem estreitando laços com operadoras e agentes deste mercado, para que os destinos brasileiros entrem de vez na rota dos chineses. “Estamos avançando para ampliar as oportunidades de negócios para o trade brasileiro. O interesse dos chineses realmente existe”, diz Alisson Andrade.
“A Ásia e o Pacífico, especialmente a China, desempenham um papel vital no turismo global. Cada vez mais os chineses viajam para o exterior e o Brasil possui vantagem competitiva para esse mercado, em particular por conta de nossa exuberante natureza e povo acolhedor”, explica Alisson Andrade, assessor técnico da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) e que participou dos debates na Fitur.
“Quando se fala em China, com seus mais de 1,3 bilhão de habitantes, com um crescimento econômico constante, qualquer setor da economia mundial pode ser afetado. E o turismo, definitivamente, está nesse radar”, complementa o diretor de Inteligência Competitiva e Promoção da Embratur, Gilson Lira, que também acompanha o tema em Madri.
A presidente da Embratur, Teté Bezerra, lembra que o Instituto incluiu a China, em 2018, na lista de mercados considerados estratégicos para a promoção dos produtos e destinos turísticos brasileiros no exterior. “Temos promovido ações para estimular a vinda de mais turistas chineses ao país, o que proporciona entrada de divisas e geração de empregos”, avalia a presidente, lembrando também que, recentemente, foi ampliada para cinco anos a validade do visto para o turista chinês que deseja visitar o Brasil e o procedimento para solicitação do documento foi simplificado.
Todas as novas ferramentas digitais lançadas no exterior, também, trazem versões em mandarim, português, espanhol e inglês. A Visit Brasil Academy é um exemplo disso. A plataforma busca treinar operadores e agentes de turismo sobre os mais diversos destinos existentes no Brasil.
Liderado pela China, o mercado asiático, traz números importantes. O total de chegadas de turistas à região aumentou 6% em 2017, atingindo um total de 323 milhões de turistas, recebendo avaliação de destaque da Organização Mundial de Turismo (OMT) como exemplo de práticas turísticas promocionais a serem seguidas. O fortalecimento das economias da região explica apenas parte desse crescimento.
Para a OMT, o crescimento do turismo na Ásia também está associada a investimentos em conectividade aérea (incluindo barateamento de vôos), novas plataformas digitais, abertura de mais opções de destinos, capacitação de agentes e operadores, entre vários outros fatores.
Mas, mais do que chegadas, o mercado asiático tem saídas de turistas: são mais de 300 milhões de viajantes, sendo 130 milhões apenas de chineses, movimentando cerca de U$ 250 bilhões, segundo a própria OMT.
De olho nesse mercado, a Embratur vem desenvolvendo desde o ano passado ações de conhecimento e aproximação. Em maio, por exemplo, o Instituto participou da ITB China, maior feira de turismo do continente asiático, com uma comitiva de 12 organizações brasileiras dos setores público e privado para fechar negócios com os receptivos chineses. Foram promovidos em Xangai, Pequim, Cantão e Hong Kong roadshows com a presença de mais de 600 representantes de empresas do trade turístico local.
Houve ainda promoção de uma missão brasileira voltada especificamente para o turismo na China com o fortalecimento de ações conjuntas com países sul-americanos como a Argentina, para promoção de roteiros integrados. Foz do Iguaçu foi apresentado especialmente por ser um destino compartilhado entre os dois países e com grande potencial para o Ecoturismo e o Turismo de Natureza, segmentos que agradam o perfil do turista chinês.
Outra ação ano passado foi o lançamento do novo produto “Mercado China”, com informações específicas do turismo chinês. O material foi desenvolvido com o intuito de aumentar a compreensão sobre o mercado para facilitar a atuação no país e subsidiar o trade brasileiro para que as empresas nacionais entendam as tendências e as oportunidades da China, e atendam às exigências dos turistas chineses.
O documento, com as características gerais sobre o mercado chinês, está disponível no site: http://trade.visitbrasil.com.
Em outubro passado, ainda, a Embratur marcou presença no Fórum para a Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, promovido em Macau. As atividades incluíram palestras temáticas, as quais serviram para apresentar cooperação na área de turismo, convenções e exposições.
Outra ação foi a participação, em São Paulo, da “Noite do Turismo da China”, evento que buscou aproximar e estreitar o relacionamento com o trade brasileiro para gerar negócios. Na oportunidade, a Embratur realizou apresentação sobre o Destino Brasil, voltada para os operadores e autoridades governamentais da China. A apresentação, além de ressaltar a amizade histórica entre os países, enfatizou destinos que o Brasil oferece, em particular, segmentos de ecoturismo e cultura.