Renato Souza Enviado Especial
Manaus — O vice-presidente Hamilton Mourão guiou uma visita de diplomatas ao zoológico do Centro Integrado de Guerra na Selva (CIGS), em Manaus, ontem. A ida ao local faz parte de una série de medidas do governo para tentar afastar a imagem de que o poder público corrobora com o desmatamento na Amazônia e com ações que levam animais à extinção.
Além de Mourão, participam da viagem, que prosseguirá até amanhã, os ministros Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Ricardo Salles, do Meio Ambiente; e Tereza Cristina, da Agricultura. No zoológico, embaixadores de países como França, Espanha e Noruega conheceram espaços que abrigam onças, jabutis, aves típicas da Amazônia, como as araras, e répteis. Mourão disse que “o Brasil não tem nada a esconder” e que o país reconhece suas dificuldades na área ambiental.
O governador do Amazonas, Wilson Lima, apareceu durante a tarde em um encontro no Centro Integrado de Proteção da Amazônia. Um dos temas que incomodam o governo é a destinação das verbas do Fundo da Amazônia, mantido por doações de nações estrangeiras. O Executivo quer usar o dinheiro para regularização de terras. No entanto, países como Noruega e Alemanha são contra, o que gera bloqueio da verba.
Durante a noite, o general Augusto Heleno minimizou o impacto das queimadas. As declarações foram feitas horas após a comitiva presidencial sobrevoar a Amazônia na região do Pará. Algumas áreas queimadas puderam ser vistas da janela da aeronave. “Passamos por cima e ressaltamos que tem algumas áreas de queimada, mas isso é totalmente deturpado, porque é colocado fora de contexto, que é uma coisa majestosa, e fica virando uma fogueirinha ali. Isso é ruim pra gente”, disse à imprensa.
Neste ano, a Amazônia registrou o recorde histórico de queimadas. Em outubro, foram identificados 15 mil focos, a maior quantidade já avaliada.
Governo prorroga GLO
O presidente Jair Bolsonaro decidiu prorrogar a presença das Forças Armadas na Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia Legal até 30 de abril de 2021. Segundo o Palácio do Planalto informou, ontem, o chefe do Executivo assinou um decreto com a prorrogação. O vice-presidente Hamilton Mourão já tinha antecipado, na semana passada, a intenção de seguir com a GLO. Na ocasião, ele disse que as Forças entendem que a partir de abril do ano que vem os órgãos fiscalizadores devem assumir as ações na região.
“Restabelecer a verdade”
Em nota, Tereza Cristina reforçou a diversidade da Amazônia, que reúne 22 tipos de vegetação e tem 80% de sua área preservada. “Agora, temos de restabelecer a verdade. A verdade é que nós temos um território enorme, que a Amazônia está preservada”, destacou. Uma das iniciativas a serem mostradas aos estrangeiros é o Projeto Integrado de Colonização (PIC) Bela Vista, coordenado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e que será apresentado pela ministra, hoje. Localizado em Manaus, o projeto abriga famílias assentadas em uma área de aproximadamente 785 mil hectares, ocupada desde 1971. “Atualmente, dos 1.311 lotes georreferenciados, 446 já receberam o título definitivo, sendo 97% constituídos por pequenas propriedades (inferiores a 400 hectares)”, frisou.