Data é lembrada durante café da manhã oferecido a jornalistas. Diplomatas falam sobre a expectativa do acordo com o Mercosul e da visita de uma delegação europeia responsável pela negociação que virá ao Brasil esta semana
Embaixadores dos sete países mais novos na formação da União Europeia (UE) reuniram jornalistas, na sexta-feira (19), na sede da embaixada da Eslováquia, em Brasília, para falar da adesão ao grupo em 1º de maio de 2014, e que confiam na assinatura do acordo comercial do bloco econômico europeu com o Mercosul, apesar dos embates políticos no continente sul-americano. Os embaixadores e representantes da Eslováquia, Eslovênia, Polônia, Chipre, Malta, República Tcheca e Hungria falaram separadamente da expectativa de seus países, bem como da ótima relação como o Brasil.
Os diplomatas falaram ainda dos benefícios gerados aos cidadãos depois desse intercâmbio no próprio continente. Igualdade de direitos, facilitação para empregos, estudos e movimentação da economia. Eles estão decididos a atuar ainda mais na América Latina e no Brasil. Querem estimular o investimento em energia verde e indústria aérea. Os embaixadores e representantes dos países mais novos na formação da União disseram confiar na assinatura do acordo comercial do bloco econômico europeu com o Mercosul, apesar dos embates políticos no continente sul-americano.
Esta semana, uma delegação de negociação da União Europeia chegará ao Brasil, pelo negociador-chefe, Rupert Schleglemilch. Serão dez dias, onde visitará as capitais também da Argentina, Paraguai e Uruguai. O motivo está direcionado à baixa velocidade nas negociações do possível acordo comercial entre os blocos econômicos, que antecedem as eleições para o Parlamento Europeu, em 9 de junho. O itinerário de Schleglemilch incluirá reuniões com autoridades, líderes empresariais, sindicatos, câmaras de comércio e agricultura para manter as discussões técnicas atuais entre os especialistas.
Os representantes falaram dos benefícios gerados aos cidadãos depois desse intercâmbio no próprio continente. Igualdade de direitos, facilitação para empregos, estudos e movimentação da economia. Eles estão decididos a atuar ainda mais na América Latina e no Brasil. Querem estimular o investimento em energia verde e indústria aérea.
A embaixadora da Eslovênia no Brasil, Mateja Kracun, disse que a ocasião é muito especial para todos. Segundo a diplomata, desde o primeiro dia pós independência eslava, estava claro para os eslovenos que queriam fazer parte da União Europeia. “Já estávamos preparando os processos para aderir à União Europeia. Queríamos ser parte da democracia, dos direitos humanos; que são assuntos que, antes da independência, enfrentavam desafios gigantescos”, ressaltou. De acordo com Kracun, a economia eslovena nos últimos 20 anos cresceu, assim como as oportunidades. Para a diplomata é valioso o fato de um membro da União Europeia ter livre acesso aos outros países membros, escolhendo a melhor forma de prosseguir com sua vida.
“É importante entender que Brasil não e só São Paulo e Rio de Janeiro. O Brasil tem 27 unidades federativas. Para a Eslovênia, um país com 2 milhões habitantes, é mais fácil fazer negociação com estados pequenos. O acesso é mais fácil. É mais fácil para nossas empresas começar”, ressaltou a embaixadora.
O embaixador de Malta no Brasil, John Aquilina, ressaltou que foi acertada a decisão do país de entrar no G20, não tão segura à princípio. “O custo de vida do povo maltês inicialmente era alto, além de que havia bastante preocupação de que talvez a Ordem Soberana de Malta pudesse ter tomado a decisão errada, mas com o passar do tempo, tornou-se evidente que os benefícios superam os negativos”, afirmou. Na visão de Aquilina, a UE conjunta tem sido uma grande vantagem “porque nos permitiu desempenhar um papel não apenas como país numa base bilateral, mas como membro de uma organização global grande e importante”.
“Além de perseguir seus próprios objetivos bilaterais, no Brasil, Malta é parceiro em pé de igualdade com as outras nações da União Europeia na busca da finalização do Acordo UE-Mercosul e na promoção de questões ecológicas e ambientais, direitos humanos e equidade de gênero, justiça para as comunidades indígenas e uma série de outras questões que preocupam a Europa e o mundo”, discursou Aquilina.
O embaixador do Chipre no Brasil, Vasilios Philippou, disse, em sua fala, que o cenário político complexo do país é partilhado pela sua história de divisão decorrente do domínio turco de 1974. “A visão da UE é de um Bloco reunificado livre que promove a existência pacífica e a prosperidade para todos os cidadãos, servindo como um farol de estabilidade, paz e segurança”, afirmou.
Em sua fala, Miklós Halmai, embaixador da Hungria no Brasil, frisou que os novos membros da União Europeia que são um pouco mais desconhecidos nas outras partes do mundo, porém, são grandes países com ricas histórias e hoje em dia “tornamo-nos mais e mais importantes dentro da União Europeia, tanto no âmbito geopolítico, quanto no econômico”. O embaixador lembrou que a União Europeia conta com 500 milhões habitantes no grupo.
Segundo ele, desde 2004, a União Europeia cresce e os novos membros da Europa Central tornaram-se cada vez mais importantes. “A primeira década foi dura, porém, a Hungria e o povo húngaro fizeram grandes sacrifícios para atingir os critérios para fazer parte da UE”. Halmai aproveitou também a oportunidade para lembrar que a Hungria vai assumir a presidência do Conselho no segundo semestre deste ano. De acordo com o embaixador, o país “vai fazer tudo para facilitar porque é grande amigo da coletividade mundial”.
De acordo com o diplomata, sem acabar com a guerra da Ucrânia vai ser difícil. “Temos que resolver a questão da Ucrânia o quanto antes. Esse alargamento institucional tem que ser preparado, passará para 30 ou 35 membros. A Ucrânia tem uma agricultura gigantesca e isso pode mudar a UE profundamente”, Halmai.
Representando a embaixadora da República Tcheca, Pavla Havrlíková, o Chefe de Missão Adjunto da Embaixada em Brasília, Pavel Sara, falou um pouco de história da Tchecoslováquia e da República Tcheca, “é muito bom fazer parte do sonho democrático de ser parte de uma comunidade com valores, com princípios democráticos, foi um desafio e uma oportunidade”.
Sublinhou ainda que os benefícios da adesão para a República Tcheca não foram apenas econômicos, falando também sobre as oportunidades no âmbito educacional, dando ênfase para o Programa Erasmus, um programa da UE de apoio à educação, à formação, à juventude e ao desporto na Europa.
Representando a Polônia, o Terceiro Secretário para Assuntos Políticos e Econômicos da embaixada polonesa em Brasília, Przemyslaw Krzemien, lembrou a luta pela independência, pela democracia, que começou em 1989, quando foi abolido o regime comunista, e depois tivemos um acordo de associação com a comunidade europeia. “Após isso, aderimos à OTAN, e fizemos um referendo, no qual 77% dos poloneses votaram a favor de entrar na União Europeia”, disse Krzemien.
No que diz respeito aos benefícios para a Polônia na adesão ao Bloco, o diplomata destacou o crescimento econômico que seu país teve ao longo desses 20 anos, e sobre os programas de intercâmbio acadêmico, e a existência dos acordos da Polônia com o Bloco, “eu posso ir para onde eu quiser, dentro da UE, sem nenhum problema. Isso é muito vantajoso para todos nós”, concluiu.
A embaixadora da Eslováquia no Brasil, Katarína Tomková, anfitriã da coletiva de imprensa, em breves palavras disse que a Eslováquia, depois do comunismo e antes de aderir à UE, teve um período de desenvolvimento político conturbado. “O referendo foi importante pois resultou na direção democrática e no desenvolvimento da Europa”.
Tomková afirmou ainda que após seu país ter aderido ao Bloco, o PIB eslovaco aumentou em mais de 15%. Além disso, ser um Estado-Membro da UE, proporciona um continente em paz; liberdade para os cidadãos viverem, estudarem ou trabalharem em qualquer parte da UE, com o maior mercado único do mundo, fora toda a assistência e ajuda ao desenvolvimento para milhões de pessoas em todo o mundo.
Dificuldades
A negociação, porém, que se arrasta há mais de duas décadas pode demorar ainda um pouco mais. Apesar dos esforços para aproximar posições, a UE ainda não consegue fechar o acordo. Persistem desafios para encontrar uma linguagem aceitável entre todos. Principalmente, nos elementos que a União Europeia considerada essenciais para a conclusão. Em particular, a implementação do Regulamento da UE sobre desmatamento e a inclusão do Acordo de Paris, que trata sobre a redução de gases de efeito estufa.
O fechamento desse acordo poderia movimentar a economia sul-americana. Ao levarmos em consideração a realidade que vivem hoje os 27 países membros do bloco europeu. Alguns deles, como República Tcheca e Hungria exportam mais de 80% da produção realizada. Muitos, tiveram aumento significativo no desenvolvimento econômico e no PIB.
Brasil
Representantes do Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Hungria, Malta e Polónia participaram do encontro, em que adotaram tom de cautela e não opinaram diretamente sobre questões políticas no Brasil.
“A resposta que tenho é que a União Europeia considera o Brasil um parceiro estratégico”, respondeu Katarína Tomková, embaixadora da Eslováquia no Brasil, e anfitriã do encontro. “Haverá mais visitas (de todos os países) aqui, estamos agendando, com autoridades de alto nível”, complementou.
Com tom mais assertivo ao falar da confiança dos países na democracia do Brasil, o representante da República Tcheca, Pavel Šára, afirmou que “é muito importante que tenha muitas trocas de opinião porque aumenta a confiança. O debate não é só para tratar de temas fáceis, existem muitos assuntos difíceis. O presidente Lula tem feito isso. O mundo está vindo ao Brasil”.