O diplomata norueguês elogiou o modelo do Fundo Amazônia, que está parado desde 2019. Se desmatamento cair, ‘muita coisa pode mudar’, disse. Gunneng afirmou nesta sexta-feira (7) que o país europeu pode ajudar o Brasil na área ambiental, caso haja “vontade política”, e que está pronto para “recomeçar” a parceria. A Noruega é o principal financiador do Fundo Amazônia, que está parado desde 2019.
Gunneng deu a declaração durante debate virtual promovido pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), com a participação do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal. O embaixador foi questionado se o Brasil poderia adotar regras para dificultar investimentos de fundos em empresas poluidoras. Gunneng declarou que a decisão cabe ao Brasil e que a Noruega pode ajudar na preservação “se tem vontade política”
“O que nós podemos fazer é tentar ajudar se tem vontade política. É isso que nós podemos fazer. É isso que tentamos fazer por meio do Fundo Amazônia. Importante para nós dizer que nós estamos prontos para recomeçar, nós estamos prontos para trabalhar junto com o Brasil. Nós achamos o Brasil um amigo grande e nós queremos trabalhar junto com vocês “, disse o embaixador.
Criado em 2008 para financiar projetos de redução do desmatamento e fiscalização, o Fundo Amazônia está parado desde abril de 2019, quando o governo do presidente Jair Bolsonaro extinguiu os colegiados Comitê Orientador (COFA) e o Comitê Técnico (CTFA), que formavam a base do Fundo.
À época, a Noruega e a Alemanha suspenderam repasses ao fundo. Em resposta, Bolsonaro afirmou que o Brasil não precisava do dinheiro da Alemanha para preservar a Amazônia. No ano passado, a rede Observatório do Clima apontou que o fundo tem cerca de R$ 2,9 bilhões parados.
Gunneng elogiou o modelo do fundo, que reconhece o trabalho do Brasil para preservar suas florestas, e lembrou que as regras foram definidas pelo próprio governo brasileiro. Segundo ele, a Noruega ficou de fora do conselho de governança do fundo por respeito à soberania do Brasil.
“Falando de soberania, é difícil pensar um exemplo melhor de respeito à soberania de um país sobre seu território e recursos naturais do que o fundo Amazônia. Nós acreditamos que o modelo do Fundo Amazônia funciona muito bem, a prova é que diversos países florestais seguiram o mesmo modelo”, declarou.
O embaixador ainda disse que o diálogo com Mourão, no Conselho da Amazônia, é “positivo” e que espera que o Brasil consiga reduzir o desmatamento ilegal até julho, quando se encerra o ano base de medição feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Esperamos realmente que o Brasil consiga reduzir desmatamento nos três meses restantes deste ano florestal. Se tivermos uma boa redução neste ano, muita coisa pode mudar”, afirmou.
Mourão tem dito e repetiu que espera apresentar redução de desmatamento em cerca de 15% no desmatamento ilegal ao final do ciclo 2020-2021, período que se encerra em 31 de julho. O vice-presidente disse que o governo se esforça para retomar os investimentos, na linha defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, que tem solicitado apoio financeiro de governos e empresas estrangeiras para financiar ações de preservação na Amazônia.
“Esperamos chegar ao entendimento necessário para retomada do financiamento de novos projetos”, disse Mourão. Dados do Inpe até 29 de abril registraram que a área sob alerta de desmatamento na Amazônia Legal em abril foi a maior para o mês desde 2016: 581km². Foi o segundo mês consecutivo em que os índices batem recordes históricos mensais.
Desmatamento ilegal zero até 2030 – O embaixador ainda elogiou o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter reafirmado na Cúpula de Líderes sobre o Clima a intenção de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. Gunneng espera, agora, que o compromisso seja convertido em resultados.
“Recebemos positivamente a reafirmação do compromisso brasileiro de zerar o desmatamento ilegal até 2030 feito pelo presidente Bolsonaro em seu discurso na Cúpula de Líderes sobre o Clima. Estamos ansiosos para vermos em breve a tradução desse compromisso em resultados na redução do desmatamento na Amazônia”, disse.