Comex do Brasil
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben aguarda com expectativa a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e revela confiança no desenvolvimento normal das relações comerciais e de investimentos entre os países árabes e o Brasil a partir do início do próximo governo.
Segundo o embaixador, “os países árabes têm interesse não só em manter mas em melhorar e diversificar as relações comerciais com o Brasil. Trata-se de um relacionamento importante para os brasileiros assim como para os países árabes e vamos esperar pelo desenvolvimento da situação econômica no Brasil, aguardar a posse do novo presidente, para nos posicionarmos a respeito das nossas relações”.
Com sua larga experiência como diplomata e baseado em seus sólidos conhecimentos sobre o Brasil, Ibrahim Alzeben revela um otimismo firme mas ao mesmo tempo cauteloso quando expõe sua visão sobre o futuro das relações entre o Brasil e os países do Oriente Médio. E revela: “eu duvido que o Brasil vá deixar de lado um parceiro (os países árabes) tão importante para sua economia, seu comércio exterior e suas finanças. Além disso, é impossível imaginar que se deixe de levar em consideração a existência no país de uma comunidade árabe ativa, integrada e leal ao Brasil. Aqui nos sentimos em casa, entre nossa gente”.
Há mais de dez anos chefiando a missão diplomática da Palestina em Brasília, mais que ganhar total fluência no português, o embaixador Alzeben aprendeu a conhecer a essência da alma e do funcionamento da vida política, econômica e institucional brasileira: “há muito tempo sinto-me perfeitamente integrado a este país, que é muito importante como parceiro comercial, como nação e como um dos dez líderes mundiais de peso no sentido político, econômico e diplomático”.
Diplomático na verdadeira acepção da palavra, Ibrahim Alzeben atua tanto à frente da Embaixada da Palestina quanto no exercício de decano do Conselho dos Embaixadores Árabes e usa de grande reserva, sabedoria e pragmatismo ao falar sobre o momento delicado das relações entre os países do Oriente Médio e o Brasil após uma série de declarações prestadas pelo presidente eleito sobre o futuro desse relacionamento.
Sereno e cauteloso, ele evita comentários sobre o anúncio feito por Jair Bolsonaro dando conta de que logo após assumir a Presidência pretende transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Da mesma forma, se reserva o direito de evitar expor posições explícitas acerca dos efeitos que um alinhamento automático do Brasil com os Estados Unidos, no futuro governo de Jair Bolsonaro, possam vir a ter sobre as históricas e densas relações do principal país da América Latina com os países do Oriente Médio.
Ao falar sobre as declarações do presidente eleito, o embaixador ressalta que “há uma diferença muito grande entre o que diz, escreve ou elabora um candidato e mesmo depois de eleito e aquilo que ele faz após assumir o cargo de presidente. No caso específico do presidente eleito, é verdade que ele afirmou sua disposição em promover a mudança da embaixada em Israel mas é igualmente verdade que depois ele próprio declarou que ainda não tomou uma decisão sobre o assunto. Outros temas igualmente relevantes surgiram e tiveram versões diferentes com o correr do tempo. Nesse contexto, o melhor a fazer é aguardar pela posse, por iniciativas concretas, por ações de governo. A partir de iniciativas concretas é que poderemos elaborar nossas posições. Não vamos tratar de assuntos dessa relevância baseados em declarações à imprensa ou em afirmações feitas no calor de uma campanha eleitoral”.
É com a mesma tranquilidade e cautela que o embaixador Ibrahim Alzeben fala sobre a indicação de Ernesto Araújo para comandar o Ministério das Relações Exteriores no governo de Jair Bolsonaro: “não podemos assumir posições nem prestar declarações sobre opiniões expressas pelo futuro chanceler em caráter estritamente pessoal em um blog ou através de textos divulgados por outros meios. Esses textos não refletem opiniões ou pontos de vistas da chancelaria brasileira e sim visões estritamente pessoais do futuro ministro e não se referem a posturas oficiais do governo brasileiro. Vamos aguardar a posse do novo ministro e somente a partir de opiniões e declarações oficiais, emitidas sob a chancela do Itamaraty, é que poderemos nos posicionar”.