Em entrevista exclusiva à Embassy para a série “Novos desafios e metas para 2021”, Ahmad Dayo afirma que enfrentar a pandemia continuará a ser o grande desafio deste ano. O trabalho de ampliar as relações comerciais com o Brasil, no entanto, continuam.
Segundo o diplomata, trata-se de um setor com grande potencial. Ahmad Dayo garante que o Paquistão tem uma cultura bastante rica, com belas artes e música bastante apreciada em vários países do mundo.
O embaixador falou ainda do turismo no país, cujo governo vem se esforçando para impulsionar. O Paquistão emergiu como um dos melhores destinos turísticos para 2020, mas enfrentou o problema da pandemia e não conseguiu ampliar o número de visitantes no país. Leia agora a entrevista completa com o embaixador Ahmad Hussain Dayo.
Embassy – À frente da embaixada, quais serão os principais desafios para 2021?
O principal desafio nosso é a pandemia que necessita nossa atenção, pois ela afetou cada esfera das nossas vidas, incluindo nosso trabalho diplomático. Encontramos algumas alternativas para continuar nosso trabalho mais facilmente, principalmente na área de negócios. Há cinco meses à frente da embaixada tenho tido toda a assistência da equipe, a qual agradeço a ajuda na ampliação das relações bilaterais. Infelizmente hoje nem sempre são possíveis reuniões presenciais.
Embassy – Quais são as metas da embaixada para este ano?
Bem, a orientação que recebi dos meus dirigentes é a de promover a cooperação, a amizade, neste cenário político diferenciado. Quanto mais áreas de cooperação, mais benefícios mútuos. Vejo como uma grande chance de iniciativas novas serem tomadas, com mais foco na relação econômica, na promoção desta relação entre o Brasil e o Paquistão. Nós temos uma série de 700 milhões de dólares de benefícios mútuos, sendo 60 milhões a favor do Brasil. Juntos podemos unir esforços e atingir objetivos que sejam positivos para ambos os países nessa relação comercial, quem sabe ampliar para US$ 1bilhão de dólares. Poderemos ver mais homens felizes em um futuro próximo com a balança comercial.
Embassy – Como a embaixada pretende promover o maior intercâmbio, principalmente o comercial, entre o Brasil e seu país?
Nossa intensão é diversificar, trazer novos produtos para o Brasil e comprar do Brasil também. Vender e comprar bons produtos a bons preços. Dispomos de um setor de tecnologia que vem crescendo rápido no Paquistão que exportou US$ 2 bilhões. Temos um plano ambicioso, mas atingível, de exportar US$ 5 bilhões em dois, três anos. Minha função aqui, agora, é de ser o link entre os institutos de tecnologia e pesquisa dos dois países. Estou trabalhando nessa missão. Faremos esses contatos, mesmo que de forma virtual para trocarmos informações. Trata-se de um setor promissor para ambos os países.
No setor agrícola, o Brasil pode nos oferecer grande expertise, experiência, já que possui uma área grande, ampla. O Paquistão também é um país agrícola; 70 por cento da nossa economia vêm da agricultura. Somos grandes produtores de açúcar, de arroz, de algodão, tâmaras entre outros. Podemos então usar a tecnologia para ampliarmos a variedade de produtos produzidos em ambos os países. Estamos no Polo Norte, o Brasil no Polo Sul; quando lá é inverno, aqui é verão. Então porque não produzirmos produtos não disponíveis naquela estação para enviarmos para o outro país. Produzir para atender a demanda um dos outro. Assim teremos frutas do verão, no inverno e vice-versa. Podemos, por exemplo, comer manga no inverno. Enfim, aproveitar o potencial de cada um.
Embassy – Quais os principais e novos projetos/programas, contidos no planejamento de 2021?
Nossa ideia é também mostrar nossa cultura. Somos um país rico culturalmente, com cinco anos de civilização egípcia e mesopotâmica, com vasta herança cultural. Temos muitas línguas faladas, uma música muito bonita e a pintura. Podemos promover uma exposição para mostrar todas nossa beleza cultural. Nossa música também é muito bonita e é possível acessar links de cantores brasileiros e paquistaneses cantando juntos.
Embassy – Qual o setor ou setores que o governo do seu país pretende focar nas relações com o Brasil?
O setor de turismo também terá uma atenção. Temos grandes atrações com montanhas verdes, amarelas, negras; muitas grandes montanhas. Nove dos picos mais altos do mundo estão no Paquistão. Temos também deserto e praia com mar de águas azuis. Hoje temos paz e segurança para o turismo internacional, somos apontados como um país pacífico. O Paquistão foi considerado o destino de férias número um em 2020, segundo a revista de viagens de luxo do mundo ‘Condé Nast Traveler’. Com a pandemia, infelizmente isso não se concretizou. Recebemos cada vez mais turistas da Europa, do Oriente Médio, da América do Sul e dos Estados Unidos. Com os recursos tecnológicos as distâncias diminuem a cada dia e torna possível a diversificação de destinos, a maior inteiração entre os povos. Vamos trazer paquistaneses para conhecer o Brasil e levar brasileiros para conhecer o Paquistão.
Produção: Elna Souza