“Face ao anúncio de manifestações massivas nos próximos dias na zona de Dacar e no resto do país, continuamos a recomendar aos nossos compatriotas máxima atenção nas suas deslocações, evitar ajuntamentos e a seguir escrupulosamente os conselhos das autoridades”, refere a embaixada de Portugal, fazendo um ponto de situação no país.
A embaixada já tinha emitido um aviso na sexta-feira a pedir prudência e vigilância redobrada aos portugueses. Desde há vários dias que têm sido registadas manifestações em vários locais do país, que provocaram a morte a pelo menos cinco pessoas, na sequência da detenção de Ousmane Sonko, que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2019 e visto como um dos principais concorrentes das eleições presidenciais de 2024.
Além de ter provocado a ira dos seus apoiantes, os senegaleses assinalam que a detenção de Sonko foi o clímax da revolta no país, cuja população enfrenta dificuldades há mais de um ano, agravadas pela pandemia de covid-19.
Sonko foi formalmente detido sob a acusação de perturbação da ordem pública, quando se dirigia ao tribunal onde foi intimado a responder a acusações de violação.Sonko, 46 anos, é alvo de uma queixa por violação e ameaças de morte, apresentadas no início de fevereiro por uma funcionária de um salão de beleza, onde o político recebia massagens para, segundo o próprio, aliviar dores de costas.
Alioune Badara Cissé, uma figura importante e considerada independente, pediu ao Presidente senegalês, Macky Sall, para acabar com o seu silêncio e dirigir-se aos jovens, juntando-se a apelos já feitos pela ONU e outras organizações africanas. A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) condenou sábado a violência registada em várias cidades do país e pediu “moderação e calma”e às autoridades para que “tomem medidas necessárias para diminuir as tensões e garantir a liberdade de manifestação pacífica, segundo a legislação em vigor”.
Os senegaleses “querem ouvi-lo, porque diabo não fala como eles?”, questionou Alioune Badara Cissé. O Senegal, conhecido como uma ilha de estabilidade na África Ocidental, está a entrar numa semana arriscadas, depois de ter vivido entre quarta e sexta-feira das situações mais graves em anos.
O Movimento pela Defesa da Democracia convocou três dias de novas manifestações a partir de segunda-feira e pede a libertação de todas as pessoas detidas arbitrariamente, incluindo a de Ousmane Sonko.
O ministro do Interior senegalês advertiu que o Estado utilizaria todos os meios necessários para restaurar a ordem e admitiu impor o recolher obrigatório, em vigor no país devido à pandemia do novo coronavírus, para mais cedo.