A tradutora Monica Stahel Monteiro da Silva foi a grande vencedora do I Prêmio de Tradução da Embaixada da França no Brasil com a tradução de Murambi, O Livro das Ossadas, de Boubacar Boris Diop, publicado pela editora Carambaia, em 2021.
A cerimônia de lançamento e condecoração ocorreu na sede diplomática hoje (23), dirigida pelo Encarregado de negócios da embaixada Olivier Fontan. Mônica, por motivos de saúde, não participou do evento, sendo representada pela diretora da editora do livro, Gaziella Betting.
“Ela considerou uma grande honra inaugurar o prêmio, de sentir-se porta-voz de tão importante obra”, disse Graziella. O prêmio foi lançado em comemoração aos 30 anos de apoio da embaixada à tradução no Brasil ,”Programa Carlos Drummond de Andrade”, por meio do seu Escritório do Livro e do Debate de Ideias.
A premiação, segundo Olivier Fontan, tem o objetivo de destacar o trabalho fundamental da tradução e de contemplar os grandes profissionais brasileiros da tradução do francês para o português, o “Prêmio de Tradução da Embaixada da França no Brasil”. Nesta primeira edição, foi recompensada a melhor tradução entre os livros traduzidos do francês para o português do Brasil publicados entre 1º de janeiro de 2021 e 1º de maio de 2022. Essa premiação será feita anualmente, a partir de 2022.
Cerca de 60 títulos foram inscritos pelas editoras brasileiras para esta primeira edição do Prêmio. O júri é composto por três grandes nomes da tradução do francês para o português do Brasil: os brasileiros Rosa Freire d’Aguiar e Marcos Siscar, e o Francês Michel Riaudel. A cerimônia de premiação será nesta terça-feira, dia 23 de agosto de 2022, na residência da Embaixada da França, em Brasília.
A publicação do Livro das Ossadas, de Boubacar Boris Diop, no Brasil, recebeu o apoio de dois programas da Embaixada, um voltado para a tradução e o outro para a cessão de direitos. Dois tradutores também receberam uma menção especial: Fernando Scheibe, pela tradução do ensaio As Margens da Ficção, de Jacques Rancière (publicado pela Editora 34 em 2021, também com o apoio da Embaixada) e Jorge Coli, pela tradução de O Tartufo – Dom Juan – O doente imaginário de Molière, (livro publicado pela UNESP em 2021).
Graziella Beting, da editora Carambaia, e Michel Riaudel, membro do júri, participam da premiação, representando os outros membros do júri e a tradutora vencedora, juntamente com um público de trinta pessoas, personalidades do mundo cultural, literário, acadêmico e jornalístico de Brasília.
Monica Stahel nasceu em Santo André (SP) em 1945, e formou-se em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo em 1968. Atua no mercado editorial desde a década de 1970, primeiramente na edição e produção de livros, depois como autora de livros infantis e, sobretudo, como tradutora do francês e do espanhol, hoje sua principal ocupação profissional. Para a editora Boitempo, traduziu, do francês, os Escritos políticos de Frantz Fanon (2021); para a Carambaia, as seguintes obras: O caso Tuláiev de Victor Serge (2019), Senhores do orvalho de Jacques Roumain (2020), Auschwitz e depois de Charlotte Delbo (2021), e Murambi, o livro das ossadas, de Boubacar Boris Diop (2021)”.
Sobre Murambi, O Livro das Ossadas, de Boubacar Boris Diop: Durante cem dias, entre abril e julho de 1994, um genocídio deixou 800 mil mortos em Ruanda. Quatro anos depois, o escritor senegalês Boubacar Boris Diop viajou ao país da África central para colher informações sobre esse período e escrever um livro. O resultado foi Murambi, o livro das ossadas, traduzido do original em francês por Monica Stahel.
Conciso e sem sentimentalismos, o livro é um assombroso relato polifônico que provoca reações como a da escritora norte-americana Toni Morrison, prêmio Nobel de Literatura em 1993: “Esse romance é um milagre. Murambi, o livro das ossadas confirma minha convicção de que só a arte pode lidar com as consequências da destruição humana e traduzi-las em significado. Boris Diop, com uma beleza difícil, conseguiu fazer isso. Poderosamente”.