| Oda Paula Fernandes/Liz Elaine Lôbo
O México festeja o 207º aniversário da Proclamação de Independência no dia 15 de setembro. Em Brasília, o embaixador Salvador Arriola lembrou a data com a celebração cívica realizada em todas as cidades daquele país e também nas embaixadas e consulados mexicanos de todo o mundo, conhecida como El Grito. Durante o evento, houve um minuto de silêncio pelas vítimas do mais forte terremoto registrado no México em 100 anos, medindo 8,2 graus na escala de Richter. O abalo sísmico ocorreu no dia 07 de setembro no Sul do país.
A festa foi realizada nos jardins da Residência Oficial daquela nação. Em seu discurso para os convidados, o embaixador Arriola explicou que o objetivo da cerimônia é lembrar os heróis insurgentes que começaram a guerra de Independência do México. Para ele, esse ano de 2017 se constitui, o aniversário de vários acontecimentos bilaterais importantes entre Brasil e o México.
Segundo o diplomata, o marco na relação política entre as duas nações foi em 1922, quando o secretário de educação mexicana, José Vasconcelos, veio ao Rio de Janeiro, estabelecendo uma aproximação acadêmica de estudantes e pesquisadores dos dois países. Aquele ano, para Arriola, também seria emblemático para a cultura latino-americano pelos movimentos artísticos que quase simultaneamente surgiram no México e no Brasil. “Enquanto aqui se consolidavam a semana de artes modernas lá se firmava o surgimento do moralismo da união revolucionária de técnicos, pintores escultores e afins”, lembrou o embaixador.
Arriola falou ainda que nestes tempos em que ressurge a ignorância, o ódio racial e religioso, valia a pena recordar a mensagem do intelectual mexicano José Vasconcelos, maravilhado com que viu no Brasil. “Nenhuma raça contemporânea pode apresentar por si só como modelo acabado que todas outras hão de imitar. Nem na antiguidade, nem no presente nos dizia Vasconcelos, existiu jamais o caso de uma raça que se baste a si mesma para forjar civilização”, disse o diplomata ao citar Vasconcelos.
Tensão – Apesar do momento festivo, questões políticas mundiais também foram mencionadas por Arriola, que destacou, perante o agravamento das tensões nucleares no mundo, a importância do combate contra as armas nucleares – pelos riscos que apresentam para a população. De acordo com ele, assunto em que o México e o Brasil têm trabalhado de mãos dadas e começaram os esforços para a firma do Tratado de Tlatelolco para a Proscrição das Armas Nucleares na América Latina e o Caribe.
Atrações – A música mexicana esteve presente com uma banda de Mariachi de Enrique Zárate. O mariachi é uma das tradições culturais mais conhecidas da cultura do México e amplamente difundida na América Latina.
A cantora mexicana Myrza Maldonado cantou muitas das mais belas e emblemáticas músicas mexicanas, entre elas Volver, Volver que foi composta pelo seu pai, Zeta Maldonado.
Para completar, foi mostrada o cultura gastronômica do México para os brasileiros, a qual foi inscrita na Lista de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, esteve a cargo da prestigiada chef mexicana Lourdes Hernández, conhecida como “La Cocinera Atrevida”.
História – El Grito é a festa cívica e popular onde os mexicanos celebram a independência. Trata-se de uma recriação do início do processo de emancipação iniciado na noite do dia 15 e o amanhecer do dia 16 de setembro de 1810, na cidade de Dolores, no estado de Guanajuato.
O padre Hidalgo fez tocar os sinos de sua paróquia para congregar às pessoas para lutar pela independência mexicana, ocorrida em 1821.