Elizabeth Bagley, indicada para ser a nova embaixadora dos EUA no Brasil, nesta quarta (18) disse que terá como prioridade combater o desmatamento e os crimes ambientais no país. “Uma das minhas maiores prioridades será encorajar esforços para aumentar a ambição climática e reduzir dramaticamente o desmatamento, proteger os defensores [da floresta] e processar crimes ambientais e atos de violência correlatos”, disse Bagley, em seu discurso de abertura de sua audiência de confirmação no Senado.
Desde que Biden assumiu o poder, a área de meio ambiente ganhou papel central nas relações bilaterais americanas. Os EUA se uniram a países europeus na pressão internacional para que o Brasil apresente melhores resultados no combate ao desmatamento na Amazônia.
Bagley, 69, terá condições de atuar nessa área principalmente por ter sido assessora de Kerry –hoje o principal conselheiro de Biden para temas ambientais. Apesar disso, diplomatas apostam que a principal missão da embaixadora será acompanhar de perto as eleições de 2022, nas quais Bolsonaro tentará se reeleger. O governo americano avalia que o pleito tende a ser conturbado.
A diplomata nomeada para o cargo em janeiro e esperou quatro meses pela sabatina. Ela ainda precisa receber o aval da Comissão de Relações Exteriores e ser aprovada em votação no Plenário do Senado. As datas para essas próximas etapas não foram anunciadas.
As nomeações de Biden para cargos importantes têm sofrido demora para serem aprovadas pelo Legislativo. A embaixadora nomeada para o Chile, Bernadette Meehan, por exemplo, foi nomeada em julho de 2021, sabatinada em março de 2022 e ainda não teve a indicação votada pelo Senado.
Já o embaixador para a Argentina, Marc Stanley, foi indicado em agosto de 2021, sabatinado em outubro e confirmado pelo Plenário em dezembro, em um processo que levou cerca de quatro meses. A futura embaixadora nasceu em Elmira, no estado de Nova York, e é doadora de longa data do Partido Democrata. Bagley trabalhou nas áreas de diplomacia e advocacia por décadas, tendo sido assessora-sênior de três Secretários de Estado: John Kerry e Hillary Clinton, ambos na gestão de Barack Obama, e Madeleine Albright, no governo de Bill Clinton.
Ela também foi representante especial para a Assembleia-Geral das Nações Unidas e para Parcerias Globais, além de embaixadora em Portugal. Atualmente, é dona de uma empresa de comunicação e celulares no Arizona.
Enquanto Bagley não é confirmada, a representação americana em Brasília é chefiada interinamente por Douglas Koneff. O Brasil está sem embaixador pleno dos EUA desde meados de 2021, quando o diplomata Todd Chapman, que ocupava, o posto, anunciou aposentadoria.
Chapman investiu durante a administração de Donald Trump (2017-2021) em uma forte aproximação com Bolsonaro e figuras-chaves do entorno do presidente, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Com a derrota de Trump, os laços estreitos de Chapman com o bolsonarismo tornou-se um problema. Auxiliares de Biden afirmam que o embaixador não tinha o perfil do novo governo nem sintonia com a gestão, o que pesou para a aposentadoria do diplomata.
Até agora, os presidentes Biden e Bolsonaro não conversaram por telefone nem tiveram nenhuma reunião bilateral. Há a expectativa de que isso possa ocorrer na próxima Cúpula das Américas, marcada para o começo de junho em Los Angeles. O líder brasileiro, no entanto, ainda não confirmou presença, e autoridades americanas tentam convencê-lo a ir.
A Comissão de Relações Exteriores do Senado é chefiada pelo senador democrata Bob Menendez e tem 11 integrantes de cada partido. Entre os integrantes republicanos, estão os senadores James Risch, Marco Rubio e Mitt Romney, entre outros.
A audiência desta quarta também ouve Mari Carmen Aponte, indicada como embaixadora para o Panamá, Michelle Kwan, designada para ser embaixadora em Belize, e Francisco Mora, nomeado como representante permanente dos EUA para a OEA (Organização dos Estados Americanos).
Com informações da Folhapress