Liz Lôbo
Fotos: Eliane Loin
As festas tradicionais tomam conta do país desde o dia (31) e celebram a visita das almas à Terra com variedade de cores, sabores, caveiras e zero melancolia
No México, hoje, 2 de novembro, é o auge da Festa do Dia dos Mortos, que lembra os entes queridos com música e guloseimas. A tradição começou na Europa, quase três mil anos atrás, e foi difundida pelos celtas. Nas Américas, foi misturada a rituais pré-históricos que foram incorporados aos costumes dos povos pré-colombianos, como Astecas e Maias. Em Brasília, a embaixada do México montou um “Altar aos mortos”, no Instituto Cervantes, na 707/907 Sul.
A apresentação foi feita pelo Embaixador Salvador Arriola, no dia 31 de outubro, com a presença de vários diplomatas da América Látina. O altar poderá ser visitado até 15 de novembro, de segunda a sexta-feira, das 9h às 20h Aos sábados das 9h às 15h. Entrada franca.
Os altares mexicanos fazem parte essencial da tradição do Dia dos Mortos. São preparados com muito esmero em diversas regiões do México com elementos simbólicos, como a flor de Cempasúchil (voz náhuatl que significa flor de vinte pétalas), velas, frutas, caveiras de açúcar, incenso, copal, assim como alimentos e bebidas preferidas do defunto, fotografias ou objetos que evoquem a sua presença. O defunto voltará a estar entre os seus por algumas horas felizes.
No México, maior país de língua hispânica do mundo, a morte tem significado único. Em vez de lamentada, é festejada uma vez ao ano. O “Dia dos mortos” é uma tradição indígena muito difundida na América que se celebrava no final de agosto Para venerar os antepassados. Hoje se comemora de 31 de outubro a 2 de novembro (Dia de Finados no Brasil). Durante a festa, considerada pela Unesco como patrimônio da humanidade, é tradição reunir família e amigos para comemorar a visita dos antepassados à Terra.
La Catrina – Se, no Brasil, a data é sinônimo de cemitérios lotados e melancolia, no México a animação toma conta, pois se acredita que os mortos devem ser recebidos com alegria e coisas de que gostavam enquanto vivos. O destaque da festa é a Dama da Morte, deusa que teria inspirado a criação de La Catrina, caveira símbolo do evento nos dias de hoje, além de altares coloridos, fantasias, comidas e bebidas típicas mudam a cara de várias cidades do país. A atmosfera é fúnebre, mas promete estimular até os mais desanimados.
A comemoração é antiga. Já ocorria antes da chegada dos espanhóis à América. Nessa época, era comum conservar crânios para exibi-los como troféus durante os rituais do Dia dos Mortos, no nono mês do calendário asteca, por volta de agosto. A personagem foi criada pelo cartunista José Guadalupe Posada, um dos responsáveis por consolidar a data no México. O artista é conhecido por suas imagens de caveiras atuando como gente comum.
A influência dos crânios humanos na comemoração é profunda e vai da decoração ao vestuário. Algumas cidades organizam concursos de fantasia para eleger quem se veste melhor de La Catrina. Os mexicanos também competem pelo título de quem faz o melhor pão de morto, quitute que leva raspas de laranja, erva-doce e é enfeitado com caveiras. Outras iguarias são caveiras de açúcar — usadas para decorar mesas ou adoçar o café em restaurantes descolados —, doces de abóbora, frutas, mescal, tequila e sal.
Caveiras – O principal símbolo da festa são as caveiras, que se dividem em três tipos. As caveiras de rimas, também chamadas de CALAVERAS, onde as pessoas escrevem epitáfios engraçados, que sempre têm a ver com a personalidade do morto homenageado. O segundo são os GRABADOS, que são caricaturas das caveiras impressas em cartazes. E o terceiro tipo de caveiras são as CALAVERAS DE AZÚCAR: doces em forma de crânio, geralmente feitas de caramelo, chocolate e goma, muito populares nas barraquinhas de rua.