O chavismo voltou a culpar seus adversários pela violência nas manifestações
A oposição venezuelana fez nesta segunda-feira (10) sua quinta jornada de protestos em dez dias contra o governo do presidente Nicolás Maduro e, assim como nas quatro anteriores, foi alvo das forças de segurança. Pelo menos 57 pessoas ficaram feridas no confronto com os agentes, incluindo dois jornalistas e a deputada opositora Delsa Solórzano.
O chavismo voltou a culpar seus adversários pela violência nas manifestações.Em Caracas, os opositores tentaram pela terceira vez ir à sede da Defensoria do Povo. Eles, porém, foram alvo da Guarda Nacional, que dispersou o grupo com gás lacrimogêneo e balas de borracha.
As bombas foram atiradas por agentes nas ruas, de prédios e de um helicóptero. Uma delas caiu ao lado de um hospital, fazendo com que os médicos tirassem às pressas uma criança de um ano que esperava atendimento. Apesar da dispersão, parte dos manifestantes conseguiu chegar à autoestrada, incluindo encapuzados que montaram barricadas. Eles também foram reprimidos com gás, que atingiu ainda pessoas em carros presos.
Em Maracaibo, segunda maior cidade do país, centenas de opositores foram impedidos pela polícia de invadir a sede do governo de Zulia, Estado dirigido pelo chavista Francisco Arias Cárdenas. A série de manifestações foi desatada em 30 de março, quando o Tribunal Supremo de Justiça, dominado pelo governo, determinou o fim da imunidade parlamentar e a retirada do poder de legislar da Assembleia Nacional.
A oposição, que controla o Legislativo, e a maioria dos países das Américas viram as sentenças como um golpe de Maduro. As decisões foram revertidas três dias depois. Os atos ganharam novo fôlego na sexta (7) quando a Controladoria-Geral cassou por 15 anos os direitos políticos do ex-presidenciável Henrique Capriles.
O ministro da Educação, Elías Jaua, disse nesta segunda (10) que o opositor, que governa o Estado de Miranda, deveria estar na cadeia por incitação à violência.Os principais partidos da oposição não farão protestos até o dia 19 devido à Semana Santa. Já o chavismo vai às ruas nesta terça (11) para lembrar os 15 anos da tentativa de golpe contra Hugo Chávez.
Em reunião em Brasília com o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes Ferreira, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, voltou a defender a suspensão da Venezuela. “É absolutamente fundamental que essa alteração de ordem constitucional seja revertida e o país, redemocratizado”.
Para Aloysio, cabe ao governo chavista resolver a crise. “É fundamental insistirmos na urgência da confirmação do calendário eleitoral, o respeito à prerrogativa da Assembleia e a liberação dos presos políticos”. Com informações da Folhapress.