Embate nesta segunda-feira (8) em Trípoli tem 25 mortes e 80 feridos confirmados. Aeroporto da cidade também foi atingido, segundo moradores, e foi fechado pelas autoridades. ONU já pediu trégua para evacuar civis da capital.
Por G1
Um confronto nesta segunda-feira (8) deixou 25 pessoas mortas e 80 feridas na capital da Líbia, Trípoli, segundo informou o ministério da Saúde do país. De acordo com a agência de notícias Reuters, o aeroporto da cidade foi atingido por ataques aéreos e fechado pelas autoridades do país.
Também nesta segunda, a ONU pediu, pela segunda vez, que o país observe uma trégua temporária nos conflitos, para permitir a retirada de civis feridos da capital. A entidade fez o mesmo apelo no domingo, mas não foi atendida.
A esperança da organização era de realizar uma conferência, na próxima semana, para planejar eleições no país, que foi tomado pela anarquia desde a queda de Muammar Kadhafi, em 2011.
O país enfrenta confrontos entre o governo internacionalmente reconhecido, sediado em Trípoli, e o Exército Nacional Líbio (LNA, na sigla em inglês), no leste do país. Comandado por Khalifa Haftar, o LNA lançou, na semana passada, um avanço sobre a capital. No domingo, segundo moradores, as forças rebeldes executaram ataques aéreos na parte sul da capital e avançaram em direção ao centro.
As forças de Haftar tomaram o sul do país, rico em petróleo, no início deste ano.
‘Nenhuma justificativa’, diz Reino Unido
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, também criticou as ofensivas. “Nenhuma justificativa para o ataque do LNA a Trípoli”, escreveu no Twitter.
A União Europeia uniu-se às Nações Unidas, Estados Unidos e ao bloco G7, pedindo o cessar-fogo, a suspensão do avanço de Haftar e o retorno às negociações políticas. Um contingente de forças dos EUA também foi retirado de Trípoli no fim de semana, segundo a Reuters.
As ofensivas dos últimos dois dias intensificam uma luta pelo poder que fraturou o país desde a derrubada de Muammar Kadhafi em 2011. A guerra na Líbia, afirma a Reuters, ameaça interromper o fornecimento de petróleo e gás, desencadear uma maior migração para a Europa e acabar com as esperanças da ONU para uma eleição.
Depois da derrubada de Kadhafi em 2011, por rebeldes apoiados pela Otan, a Líbia se tornou o ponto de travessia de centenas de milhares de migrantes que cruzavam o Saara com o objetivo de chegar à Europa pelo Mar Mediterrâneo.
Haftar, de 75 anos, se considera um inimigo do extremismo islâmico, mas é visto pelos opositores como um novo ditador nos moldes de Kadhafi. Ele tem apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos — que o veem como um baluarte contra os islamistas radicais e o apoiam militarmente, de acordo com relatórios da ONU.
Mesmo os Emirados Árabes, no entanto, juntaram-se aos países ocidentais para expressar profunda preocupação com os combates.
No passado, Haftar chegou a fazer acordos com facções armadas fora de Trípoli para avançar suas forças. Mas ganhar o controle da capital — o maior prêmio para o governo paralelo de Haftar — seria muito mais complicado, diz a Reuters.
Grupos armados aliados ao governo de Trípoli mandaram mais caminhonetes com metralhadoras montadas para defender Trípoli a partir de Misrata, no litoral. A cidade é conhecida por resistir a figuras do antigo regime desde 2011, quando forças pró-Kadhafi a sitiaram por três meses.