Súsan Faria
O Catar, país árabe – cuja capital Doha é famosa pela arquitetura ultramoderna e seus arranha-céus magníficos – celebra, em 18 de dezembro, a unificação das tribos que deram origem à nação Qatari, em 1878. Essa união foi importante no combate às forças externas, como os turcos otomanos, e para o crescimento e desenvolvimento da nação. Em Brasília, a festa antecipada aconteceu quarta-feira, 11, com recepção no espaço Porto Vitória. O Catar tem 45 anos de relações diplomáticas com o Brasil. Em 2022 vai sediar a Copa do Mundo e, de acordo com o embaixador Alabdulla pode aproveitar a experiência brasileira nesse campo.
O diplomata e os terceiro-secretários Mohammed Al -Atteya e Rashid Al – Muhannadi receberam cerca de 300 convidados: diplomatas, jornalistas e autoridades. O embaixador Sidney Romero, diretor do Departamento de Oriente Médio, representou o Ministério de Relações Exteriores do Brasil. Os dois embaixadores discursaram e em seguida foi servido jantar e sobremesas árabes.
Posições avançadas – Na oportunidade, o embaixador Ahmed Ibrahim Alabdulla lembrou que seu país foi capaz de enfrentar circunstâncias as mais difíceis no passado, em particular as do dia 18 de dezembro de 1878. O Catar ficou independente em 3 de setembro de 1971 e desde então – segundo o embaixador – tornou-se um membro ativo da comunidade internacional, ao iniciar um processo legislativo de modernização do seu sistema de governo e administrativo. Nos últimos anos, o país tem tido forte crescimento e desenvolvimento. “Ocupamos posições avançadas em vários indicadores internacionais, resultado de planejamento adequado em alicerces sólidos”, explicou.
O embaixador Ahmed Alabdulla disse que o país superou embargos que lhe foram impostos, desde junho de 2017*: “a economia se tornou mais forte, com vários projetos implementados nos setores produtivos, industrial e agrícola”. Destacou especialmente o setor de energia, que se desenvolveu com grande potencial e já fornece mais de 20% do gás natural liquefeito do mundo. “Espera-se que o volume de gás natural aumente de 77 milhões para 110 milhões de toneladas por ano, nos próximos anos”, afirmou, lembrando que a empresa Catar Petróleo continua sua marcha rumo à internacionalização e tem participado de projetos de exploração e produção de petróleo em vários países, inclusive no Brasil.
Acordos – Em outubro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro visitou o Catar, o que segundo o embaixador, deu forte impulso às relações dos dois países, com assinatura de vários acordos. “O Brasil é um dos nossos parceiros mais importantes, uma vez que o intercâmbio comercial bilateral aumentou significativamente nos últimos anos”, disse, exemplificando que o Catar investe principalmente em energia, setor bancário e alimentos no Brasil.
O embaixador Ahmed Ibrahim Alabdulla lembrou que o Brasil sediou os Jogos Olímpicos em 2016; e a Copa do Mundo de Futebol de 2014, e tem ampla experiência internacional nesse campo. A seu ver, “aproveitar a experiência brasileira na organização de competições internacionais é de supra importância para nós”. Em 2022, o Catar sedia a Copa Mundial de Futebol. Este ano, a Seleção de Futebol do Catar participou do torneio da Copa América, no Brasil.
O embaixador Sílvio Romero visitou o Catar no ano passado, junto com o presidente Jair Bolsonaro, e disse que suas impressões foram as melhores. “Foi uma agenda rica e diversificada. Os avanços do Catar em sua história são espetaculares. Soube manter sua identidade, seus valores, suas raízes e sua identidade. Sua inserção no mundo moderno preserva seu rico legado cultural”, disse. Segundo ele, foram assinados acordos entre Brasil com aquele país nos campos de defesa, serviços aéreos, vistos, saúde, organização de grandes eventos e cooperação diplomática.
No Catar fica a mais famosa emissora de TV árabe: Al Jazeera, sediada em Doha, a capital. É considerado um dos países mais ricos do mundo, com muito petróleo, gás e infraestrutura turística invejável: com calçadões quilométricos, hotéis luxuosos e edifícios de vidro e aço. No Catar, educação e saúde são gratuitas.
*O Catar foi banido por três de seus vizinhos – Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Bahrein – além do Egito – do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG). No dia 5 de junho de 2017, esses países e alguns aliados de ocasião decretaram a ruptura das relações diplomáticas e econômicas com o Catar.