Ela foi detida pela polícia em um hospital na capital, San Salvador
Folhapress
Foi presa na terça-feira (12) a ex-primeira-dama de El Salvador Vanda Pignato, que é brasileira. Ela é acusada de ter participado de um esquema comandado por seu ex-marido, o ex-presidente Mauricio Funes, que teria desviado US$ 351 milhões (R$ 1,3 bilhão) dos cofres públicos.
Um juiz tinha ordenado na segunda (11) a prisão da ex-primeira-dama, que é ligada ao PT, por lavagem de dinheiro de US$ 165 mil (R$ 611 mil). Ela foi detida pela polícia em um hospital na capital, San Salvador. Não foram revelados detalhes de sua saúde, mas ela se trata de um câncer.
Pignato foi a representante do Partido dos Trabalhadores na América Central de 1992 até 2009, quando deixou de ser filiada devido à eleição de seu então marido.
Na semana passada, a Justiça já tinha ordenado a prisão de Funes e de 30 de seus aliados, incluindo dois filhos. O ex-presidente, porém, continua solto porque mora desde 2016 na Nicarágua.
O esquema consistia em modificações no Orçamento do país para redirecionar verbas de alguns ministérios para gastos reservados da Presidência. Do total, US$ 80 milhões foram feitos com aval da Assembleia Legislativa, na qual Funes tinha maioria.
O dinheiro era depositado em contas do Banco Hipotecário, instituição de capital misto, e sacado por funcionários do gabinete presidencial. Segundo a Promotoria, mais de 80% do montante desviado foi retirado em espécie.
No caso que levou Pignato à prisão, os US$ 165 mil teriam sido usados no pagamento de um empréstimo, de sete faturas de cartões de crédito, em depósitos bancários e na compra de um carro de luxo.
Os intermediários do desvio de dinheiro no governo Funes também são processados por um esquema similar na administração do direitista Elías Antonio Saca (2004-2009), que levou a um rombo de US$ 300 milhões ao erário.
Funes assumiu a Presidência em 2009, levando ao poder o partido formado a partir da antiga guerrilha de esquerda FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional), em campanha comandada pelo marqueteiro brasileiro João Santana.
Em delação premiada, Santana disse que participou da campanha de Funes a pedido do ex-presidente Lula e que ela foi bancada com dinheiro de caixa 2 da Odebrecht. Os advogados do petista afirmam que a acusação é mentirosa.
Em 2013, o então chanceler do governo de Funes, Jaime Miranda, afirmou que a relação de Vanda com o PT e com o ex-presidente Lula permitiu ampliar as relações bilaterais entre os dois países.
A Promotoria, porém, não informou se há relação entre o caso Saque Público e as doações da Odebrecht. No ano passado, o órgão pediu informações à Procuradoria-Geral da República sobre as delações da Operação Lava Jato.
“Funes deixou o cargo em 2014 e pouco depois anunciou a separação de Pignato. Ele foi substituído por seu vice, Salvador Sánchez Cerén, de quem a brasileira era secretária de Inclusão Social até ser presa.
Apesar disso, Sánchez Cerén disse concordar com a investigação do caso. “Como governo, rejeitamos qualquer ato de corrupção, onde quer que seja, e apoiamos todas as ações necessárias para a defesa dos recursos públicos. Não toleraremos ninguém que tenha traído a confiança do povo de El Salvador”, disse.
Já Funes afirmou que não cometeu nenhum crime e que as acusações contra ele e sua família são políticas e orquestradas por conservadores.