A coluna já havia revelado há duas semanas a carta enviada pelo Itamaraty às organizações internacionais que vão liderar o processo. Agora, as entidades apontam que Brasil e outros países de renda média poderão de fato fazer parte. Mas terão de arcar com os custos para ter acesso ao produto. O que o pacote garante, porém, é que todos os participantes recebam as futuras vacinas de maneira justa.
No total, a OMS indica que 75 países enviam manifestações de interesse em fazer parte do mecanismo, conhecido como COVAX Facility. Além desses, outros 90 países poderão ser apoiados. Juntos, esses governos representam 60% da população mundial e indicam o apoio ao um mecanismo projetado para garantir acesso rápido, justo e equitativo às vacinas COVID-19 em todo o mundo.
Apesar de fazer parte do projeto, a OMS deixa claro que o Brasil terá de arcar com os custos de seu próprio bolso. O mesmo ocorrerá com os demais 74 países que submeteram os pedidos. Eles são considerados como países de renda média ou alta. Mas o mecanismo permitirá um apoio especial para 90 países de baixa renda.
A coluna apurou que o acordo está sendo avaliado no momento pelo Itamaraty e pelo Ministério da Saúde. “A COVAX é a única solução verdadeiramente global para a pandemia da COVID-19”, disse Seth Berkley, CEO da Gavi, a Aliança de Vacinas. “Para a grande maioria dos países, isso significa receber uma parte garantida das doses e evitar ser empurrado para o fundo da fila, como vimos durante a pandemia de H1N1 há uma década”, disse.
“Mesmo para aqueles países que são capazes de assegurar seus próprios acordos com os fabricantes de vacinas, este mecanismo representa, através de seu portfólio líder mundial de candidatos a vacinas, um meio de reduzir os riscos associados aos candidatos individuais que não demonstram eficácia ou não obtêm licença”, explicou.
O objetivo da COVAX é, até o final de 2021, fornecer dois bilhões de doses de vacinas seguras e eficazes que tenham passado pela aprovação regulatória da OMS. “Essas vacinas serão entregues igualmente a todos os países participantes, proporcionais a suas populações, inicialmente dando prioridade aos trabalhadores da área de saúde e depois expandindo ara cobrir 20% da população dos países participantes”, explicou a OMS. “Outras doses serão então disponibilizadas com base na necessidade do país, vulnerabilidade e ameaça da COVID-19”, indicou. Haverá ainda um estoque global, sob o controle das agências internacionais, para uso emergencial e humanitário, inclusive para lidar com surtos graves antes que eles se tornem fora de controle.