Nesta semana, as tropas brasileiras se despediram oficialmente da missão da Organização das Nações Unidas no Haiti depois de mais de uma década. Será realizada nesta quinta-feira (31), às 19h de Porto Príncipe (20h em Brasília), a cerimônia que marca o encerramento das atividades militares do Brasil na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Nos últimos 13 anos, 37.500 militares brasileiros atuaram no país. Desde a decisão do Conselho de Segurança de extinguir a missão, o contingente tem se reduzido gradualmente até a retirada completa, prevista para 15 de outubro de 2017.
MINUSTAH e o comando brasileiro
MINUSTAH é a sigla em francês que se refere à Missão criada em 30 de abril de 2004 pela Resolução 1542 do Conselho de Segurança da ONU, e implementada efetivamente em 1º de junho do mesmo ano. A Missão foi criada para suceder de maneira mais estruturada a Força Multinacional Interina, estabelecida apenas dois meses antes (26/02/2004) pela Resolução 1529.
A Missão foi autorizada a mobilizar no Haiti até 6.700 militares, 1.622 policiais, 550 funcionários civis internacionais, 150 voluntários das Nações Unidas e cerca de 1 mil funcionários civis locais.Desde sua implementação, a MINUSTAH tem seu braço militar sob o comando do Brasil no trabalho para colocar fim à violência e à instabilidade política no Haiti.
No total, 37.500 militares brasileiros — sendo 213 mulheres — atuaram no Haiti, possibilitando que o país testasse equipamentos militares em condições operacionais reais, uma experiência concreta para toda uma geração de soldados.Além do contingente brasileiro, integraram a MINUSTAH 550 militares de Japão, Chile, Nepal, Jordânia, Uruguai, Paraguai, Coreia do Sul, Sri Lanka, Argentina, Bolívia, Guatemala, Peru, Filipinas e Equador. Canadá, Estados Unidos e França prestaram apoio estrutural. O Brasil encerra sua atuação no Haiti com 981 militares. Desses, 767 são do Exército, 182 da Marinha e 32 da Força Aérea.
2010, o ano da devastação
Em 2010, dois eventos prolongaram as atividades da MINUSTAH no país: o terremoto que deixou milhares de mortos e a epidemia de cólera. Em 12 de janeiro daquele ano, um terremoto de magnitude 7.0 atingiu a ilha caribenha, com o epicentro localizado a 25 km da capital, Porto Príncipe. Mais de 220 mil pessoas morreram, incluindo 102 funcionários da ONU. Milhares de pessoas ficaram feridas ou incapacitadas permanentemente enquanto 1,5 milhão de pessoas ficaram desalojadas.
O terremoto foi um duro golpe à economia e à infraestrutura haitiana — já muito instável — e adiou os esforços de reconstrução do país. A catástrofe também levou a um clima de incerteza política, interrompendo um período de relativo progresso em direção a eleições legislativas, presidenciais e municipais, programadas para fevereiro daquele ano.