Bruna Garcia Fonseca
bruna.garcia@anba.com.br
São Paulo – Aeroportos e portos brasileiros estão aderindo à iniciativa World Logistics Passport (WLP) – Passaporte Mundial de Logística, em tradução livre -, do governo de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O WLP pretende ampliar oportunidades comerciais entre mercados emergentes (Sul-Sul) e facilitar o acesso de produtos brasileiros a mercados do Oriente Médio, Ásia e África. Até hoje, aderiram o Aeroporto Internacional de Viracopos (foto acima), em Campinas (SP) e o terminal da DP World, no Porto de Santos (SP). A DP World Santos é uma empresa do Grupo DP World (Dubai Ports World).
Em seu twitter, o presidente Jair Bolsonaro falou nesta quarta-feira (12) sobre a iniciativa. “Saúdo a participação de aeroportos e portos brasileiros no Passaporte Logístico Mundial, iniciativa dos Emirados Árabes que ampliará as oportunidades comerciais entre mercados emergentes e facilitará o acesso dos nossos produtos aos mercados do Oriente Médio, Ásia e África.”
Nesta quinta-feira (13), o emir de Dubai, primeiro-ministro e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Rashid Al Maktoum, tuitou em resposta ao presidente do Brasil. “Damos as boas-vindas ao Brasil – uma das mais importantes economias mundiais – que está aderindo à iniciativa do passaporte logístico liderada por Dubai para construir uma rede logística de transporte de mercadorias e produtos para todo o mundo. Procuramos conectar o leste do mundo com seu oeste, norte e sul, e hoje temos parceiros da Indonésia e Índia no leste, e do Brasil e Colômbia no oeste”, disse Al Maktoum.
Segundo o chefe do escritório da Câmara de Comércio de Dubai (Dubai Chamber) em São Paulo, João Paulo Paixão, o Passaporte Mundial de Logística é um programa governamental dos Emirados capitaneado por Dubai e por diversas entidades que estão patrocinando a iniciativa, entre elas, a Dubai Chamber.
“A ideia é conseguir construir um programa de fidelidade, assim como as companhias aéreas fazem com milhas, para que os principais players de mercados emergentes utilizem rotas Sul-Sul para fazer com que suas mercadorias cheguem principalmente na Ásia, ou trazê-las da Ásia, usando obviamente Dubai como esse hub integrador entre esses diversos portos e aeroportos espalhados pelo mundo”, disse Paixão à ANBA.
Segundo o empresário, o WLP selecionou hubs em alguns países e o Brasil foi um deles. “E particularmente o Aeroporto de Viracopos e a operação da DP World em Santos, fizemos essa ponte com eles e já estamos tendo algumas reuniões com os principais players para conseguir que as empresas façam adesão a esse programa, para elas conseguirem vantagens nesse programa, do ponto de vista de custos e de maior rapidez no desembaraço de carga”, explicou.
As empresas inscritas no programa precisam comprovar que aumentaram o fluxo comercializado por aquela rota ano a ano, e a partir dessa informação elas irão se encaixar em categorias, assim como nos programas de milhas para passageiros, como Gold, Silver e Platinum. “E conforme elas vão avançando nessas categorias, vão tendo mais benefícios do ponto de vista de custos e prazos na exportação e importação”, contou Paixão.
O foco inicial da iniciativa no Brasil foi o setor aéreo, segundo Paixão. Os modais do Brasil serão conectados a uma rede que irá envolver outros países, entre eles Uruguai e Colômbia (América do Sul), Gana (África), e outros países na Ásia.
“Estamos esperando que tenha um acordo entre os governos para dar uma segurança jurídica para esse programa e estamos fazendo gestões junto com a Embaixada dos Emirados em Brasília para haver a assinatura de um memorando de entendimento (MOU) junto com o governo federal e as entidades dos Emirados”, concluiu Paixão.
Segundo informações divulgadas pelo Aeroporto de Viracopos, fazem parte do programa mais de 11 países, incluindo Índia, África do Sul, Indonésia, Emirados Árabes, Brasil, Colômbia, Chile, Uruguai, Senegal, Cazaquistão, entre outros. Além disso, corporações multinacionais, incluindo UPS, Pfizer, Sony, Johnson & Johnson e LG também estão envolvidos com o WLP. Parceiros do WLP, como DP World e Emirates Skycargo, poderão desempenhar um papel importante no avanço do Brasil no comércio com o resto do mundo.