Banco Mundial estima crescimento de 2,7% em 2017, contra 2,3% em 2016. No Brasil é esperado o fim da recessão, e nos países árabes, um desempenho mais forte.
Da Redação
São Paulo – O Banco Mundial (Bird) espera aquecimento da economia global este ano. A instituição prevê um crescimento de 2,7%, contra 2,3% em 2016, segundo o relatório Perspectivas Econômicas Globais, divulgado nesta terça-feira (10). O avanço do ano passado foi o mais baixo do período pós-crise financeira internacional.
Apesar da perspectiva de crescimento, a previsão do Banco Mundial para 2017 é 0,1 ponto percentual menor do que a feita pela própria instituição em junho de 2016. Segundo o Bird, a economia internacional foi afetada no ano passado por um fluxo global de investimentos “anêmico” e pelo contínuo enfraquecimento do comércio mundial. O relatório informa, por exemplo, que a taxa de crescimento do fluxo mundial de investimentos estrangeiros diretos caiu de uma média de 10% em 2010 para 3,4% em 2015.
O banco avalia que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2017 será influenciado principalmente pelo desempenho dos países emergentes e em desenvolvimento. A expectativa é que este bloco cresça 4,2% este ano e 4,7%, em média, em 2018 e 2019, contra uma variação de apenas 3,4% em 2016.
Para o Bird, estes países vão contribuir com 1,6 ponto percentual para o crescimento do PIB mundial em 2017, ou cerca de 60% do desempenho total, o que não ocorre desde 2013. “Após anos de um crescimento global desapontador, nós nos sentimos encorajados diante de perspectivas econômicas mais sólidas no horizonte”, afirmou o presidente da instituição, Jim Yong Kim, em comunicado. Um dos fatores para este aquecimento é o aumento dos preços das commodities, pois muitas destas nações são exportadoras de produtos básicos.
Brasil – No caso da América Latina e Caribe, por exemplo, após dois anos consecutivos de recessão, o banco espera um crescimento de 1,2%. O Brasil, maior economia da região, deverá voltar a crescer, após dois anos de PIB em queda. A expectativa para o País é de um avanço de 0,5% em 2017. Nas previsões feitas em junho último, o banco estimava um recuo de 0,1%, ou seja, a projeção aumentou em 0,6 ponto percentual. Além dos preços das commodities, contribuíram para a melhora das projeções sobre o Brasil “o lançamento de reformas favoráveis às empresas e orientadas para o mercado”.
Os riscos para os países latino-americanos em geral são eventuais mudanças de políticas nos Estados Unidos e na Zona do Euro que envolvam restrições ao comércio e às migrações, que se tornaram mais prováveis após a eleição do republicano Donald Trump para presidente dos EUA e do plebiscito que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit. Outros riscos são uma valorização menor do que a esperada das cotações das commodities, além de uma mudança no ritmo de ajuste da política monetária dos EUA.
Árabes – Para o Oriente Médio e Norte da África, o Bird espera um crescimento de 3,1% em 2017, contra 2,7% em 2016. Está previsto aumento nos preços do petróleo, mas, segundo o banco, são os países da região que importam a commodity que deverão ter os maiores ganhos em termos de crescimento econômico, como Marrocos, Jordânia e Tunísia. O PIB da Arábia Saudita pode crescer 1,6% este ano, contra 1% em 2016, e a economia do Egito deverá manter crescimento acima de 4%. Os principais riscos para região são uma eventual falta de aumento dos preços do petróleo e uma escalada dos conflitos regionais. Vale lembrar os conflitos na Síria, Iêmen, Iraque e Líbia afetam não só estes países, mas seus vizinhos.
Na esfera global, o banco destaca a incerteza que ronda o início do governo Trump nos EUA e o desenrolar do Brexit. “Devido ao papel desproporcional dos Estados Unidos na economia mundial, as mudanças no direcionamento das políticas podem ter efeito cascata. Políticas fiscais mais expansionistas nos Estados Unidos podem conduzir a um crescimento mais sólido neste país e em outros no curto prazo, mas mudanças no comércio e em outras políticas podem anular estes ganhos”, disse o diretor de Perspectivas Econômicas do desenvolvimento do Bird, Ayhan Klose, segundo nota da instituição.