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As denúncias da rede americana CNN de que migrantes africanos são vendidos em mercados de escravos na Líbia, foram firmemente negadas pelo governo daquele país que abriu investigação para apurar o caso. De acordo com nota oficial do Ministério das Relações Exteriores, as autoridades líbias querem a revelação de toda verdade e a punição dos responsáveis seja sob a denúncia de contrabando como de escravidão. “A Líbia considera que tais práticas, se forem o caso, são uma das repercussões da imigração ilegal da qual o país é o mais afetado e recusa-se a assumir a responsabilidade exclusiva do problema”, diz o documento.
Em Brasília, o embaixador Khaled Z. Dahan está divulgando a posição do governo líbio para a imprensa. Em entrevista exclusiva à revista Embassy Brasília, nessa segunda-feira (04), o diplomata garantiu que a Líbia tem boas relações com todos os países africanos e que tem investimentos de 10 bilhões de dólares em projetos, infra-estrutura e ações sociais em diversos países daquele continente. “Temos uma reputação bem sucedida na Liga Árabe, no grupo de amigos da União Europeia; nossos hábitos, costumes e religião não permitem o tráfico de seres humanos. Recusamos veementemente essas denúncias, pois nossa posição é de respeito aos direitos humanos”, garante o embaixador líbio.
Em nota oficial da embaixada da Líbia no Brasil, divulgada para jornalistas, o diplomata garante que as denúncias são “tendenciosas e infundadas”, tendo como objetivo “ dividir os irmãos do continente africano no momento em que o país passa por uma situação difícil”. Khaled Dahan diz, no documento, que está confiante no jornalismo e na mídia, na seriedade em transmitir e esclarecer o assunto.
O embaixador líbio lembrou ainda que a embaixada da Niger, em Tripoli, em nota oficial, considerou “mentirosa”, a notícia da rede de comunicação de que os nigerinos são perseguidos e presos naquele país. De acordo com declaração daquela sede diplomática, nunca se soube de venda de humanos em qualquer mercado da Líbia e que não houve pagamento de bilhetes de viagem para o retorno desses imigrantes para a Niger.
Apoio internacional - Em declaração conjunta, os líderes africanos reunidos na 5ª Cúpula Europa-África, em Abidjan, na Costa do Marfim, no final de novembro, enfatizaram a necessidade urgente de melhorar as condições dos migrantes e dos refugiados na Líbia, como também elogiaram os esforços do governo líbio em iniciar uma investigação rápida para verificar a veracidades das alegações da mídia. O grupo, composto por 80 chefes de Estado e de governo e 5.000 delegados, solicitou o apoio internacional para a tomada de medidas imediatas contra os criminosos dentro e fora da Líbia.
De acordo com a declaração conjunta, “o compromisso da União Africana, das nações Unidas, da União Europeia, do governo da Líbia e dos países de origem e de trânsito é de trabalharem em conjunto a fim de tomarem as medidas necessárias para assegurar o reassentamento de pessoas necessitadas nos países de origem ou nos países terceiros”. O presidente francês, Emmanuel Macron, solicitou uma força-tarefa operacional que vai associar os serviços policiais e de Inteligência para desmantelar as redes de traficantes humanos e seu financiamento.
Histórico - Há duas semanas, um vídeo divulgado pela rede CNN, denunciou que africanos que tentam chegar à Europa estavam sendo vendidos por seus pelos seus raptores em um “mercado de escravos” na Líbia. Segundo a reportagem, centenas de jovens africanos subsaarianos foram encontrados nos chamados mercados de escravos.