Ação criminosa teria provocado vários mortos desde sábado
LUSA
Um ataque de um grupo armado a um povoado rural na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, teria provocado vários mortos desde sábado (26), anunciou nesta segunda-feira (28) a televisão estatal.
Dez pessoas, entre as quais duas crianças, residentes na povoação de Olumbi, a 45 quilômetros da vila de Palma, sede do distrito, teriam sido sequestradas e decapitadas, de acordo com informação divulgada pela TVM. As autoridades contactadas pela estação não confirmaram o número.
Outros relatos na Internet, citando alegadas fontes na região, apontam para cinco a sete mortos na mesma povoação. A Lusa tentou vários contactos com a Polícia da República de Moçambique (PRM), que confirmou a realização de uma operação na zona, sem adiantar mais detalhes.
David Machimbuko, administrador do distrito de Palma, disse à TVM que as autoridades deslocaram equipes para Olumbi e para outra zona onde havia suspeitas de ameaças, a fim de avaliar a situação. Segundo referiu, os ataques terão sido feitos por “homens que vão a um local, fazem uma incursão e depois fogem”.
A zona costeira de Cabo Delgado tem sido alvo de grupos armados desde outubro de 2017, período em que postos de polícia foram atacados no distrito de Mocímboa da Praia, vila que ficou sitiada durante dois dias.
Uma investigação baseada em 125 entrevistas na região, divulgada na última semana, concluiu que os grupos usam o radicalismo islâmico para atrair seguidores, aos quais pagam rendimentos acima da média, financiados por rotas de comércio ilegal de madeira, rubis, carvão e marfim, daquela região para o estrangeiro.
Estes grupos incluem membros de movimentos radicais que têm sido perseguidos a norte pelas autoridades do Quénia e da Tanzânia, refere o mesmo estudo. Segundo a investigação, alguns elementos teriam sido treinados por milícias da região dos Grandes Lagos, que por sua vez também têm ligações com o grupo terrorista Al-Shabaab, na Somália.
Os ataques surgiram em uma época em que estão a avançar os investimentos no terreno para exploração de gás natural em Cabo Delgado, prevendo-se que a produção avance dentro de cinco a seis anos, no mar e em terra, com o envolvimento de algumas das grandes petrolíferas mundiais.