País que abrigou ex-governador Miguel Arraes e é contemplado com obras de Niemeyer está em festa pelo 64º aniversário do início de sua autonomia
Súsan Faria/ Liz Elaine Lôbo
Fotos: Eliane Loin
A revolução da Argélia, nação localizada ao norte da África, começou em 1º de novembro de 1954, considerada a data nacional do país. Foram mais de oito anos de batalha, de 1954 a 1962, contra o domínio francês. Em Brasília, a comemoração foi promovida pelo embaixador Toufik Dahmani, no Clube Monte Lìbano, no Setor de Clubes Sul. O diplomata lembrou que seu país foi libertado a custa de muito sacrifício, ficando independente somente em 05 de julho de 1962. “O Brasil foi um dos primeiros países a estabelecer diplomática com a Argélia e desde então as relações em todas as áreas e em todos os níveis dos dois países nunca falharam, sempre com respeito mútuo”, disse Toufik.
No anos 80, de acordo com o embaixador, foram assinados vários acordos de cooperação econômica, comercial, científica, tecnológica, técnica e cultural. O diplomata lembrou ainda que foram realizadas duas visitas de estado, a primeira em 1983 do presidente brasileiro João Figueiredo, seguida de uma visita de retorno do presidente Chadli Bendjedid. Anos depois, com a vinda do chefe do Executivo argelino Abdelaziz Bouteflika ao Brasil, em 2005, e a ida do presidente Lula à Argélia em 2006 oportunizou a assinatura de novos tratados de parceria bilateral e deu novo impulso à amizade entre os dois países.
SegundoToufik, as obras do arquiteto brasileiro Oscar Neimeyer na Argélia também testemunham os laços de amizade bilateral. Em seu discurso, ele lembrou que seu país acolheu refugiados brasileiros no período militar como o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, que viveu lá por 14 anos.
A Argélia é uma potência regional e média. O país fornece grandes quantidades de gás natural para a Europa. A capital Argel tem quase 3 milhões de habitantes. A maioria dos argelinos, 99% seguem a religião islâmica, com 1% de cristãos e judeus.
História – A invasão francesa na Argélia se inicia em 1830 com bombardeios navais em Argel, rapidamente as tropas do governante otomano são derrotadas e começa uma resistência generalizada no país. Ao anexar o território argelino, a França decretou que todos que renunciassem ao estatuto civil de muçulmano – bem como preceitos religiosos tribais que seguisse. Poucas pessoas aceitaram tal lei, o que evidenciou uma forte resistência local ao domínio francês.
Em 1865, Napoleão III concedeu cidadania francesa aos nativos da Argélia e em 1870 deu estatuto civil aos judeus que migraram para a região. Em 1881 foi publicado um código de leis que distinguia os cidadãos franceses (de origem europeia), com os da população nativa (que havia ganhado cidadania), estes últimos foram privados de seus direitos políticos. Como forma de dominação da sociedade argelina, os colonos impuseram o francês como língua oficial e única de ensino, o idioma árabe foi tratado como língua estrangeira e ocorreu proibição de livros nesta linguagem.
No decorrer da Segunda Guerra Mundial, muitos soldados argelinos foram enviados para combater o Eixo, e acreditavam que o país seria libertado do domínio francês após a vitória dos Países Aliados. Após o término do conflito mundial, a França recusou-se a conceder a independência da Argélia. Em 1º de novembro de 1954 começou a revolução de libertação nacional do domínio francês, saindo-se vitorioso em 5 de julho 1962.
Fonte: https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/FILOGENESE/thiagosampaio.pdf