O etanol como solução para melhoria da qualidade do ar em grandes centros urbanos e redução das emissões de gases de efeito estufa. Esse foi o principal tema tratado por executivos da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) durante missão à China, realizada no início de agosto. A participação da UNICA faz parte do projeto setorial com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
De volta ao Brasil, o presidente do Conselho da UNICA, Marcelo Ometto, o diretor-presidente, Evandro Gussi, e o diretor executivo da instituição, Eduardo Leão, destacam que a missão foi bastante produtiva. Os executivos tiveram reuniões com representantes da indústria automobilística, petrolífera e produtora de etanol, além do New Development Bank (Banco de Desenvolvimento do BRICS).
“O etanol revolucionou a qualidade do ar nas cidades brasileiras. Desde o lançamento do carro flex, em 2003, 535 milhões de toneladas de CO2eq foram deixadas de ser lançadas na atmosfera por conta do etanol hidratado e anidro, adicionado na proporção de 27% à gasolina. E isso também pode acontecer em outros países”, explica Evandro Gussi.
Durante encontro com os representantes Associação da Indústria Automobilística da China (CAAM, na sigla em inglês), a UNICA compartilhou informações sobre o programa de etanol brasileiro e os benefícios ambientais e econômicos advindos da utilização da mistura de 27% do biocombustível na gasolina.
Os executivos do setor sucroenergético também revelaram aos chineses que, para se chegar a esse nível de mistura, foram desenvolvidos diversos testes relacionados ao impacto nos motores dos carros, durabilidade, consumo, emissões e reflexo nos preços nas bombas, sem que tenha sido constatado qualquer tipo de problema associado a esse nível de mistura.
A China tem atualmente 240 milhões de veículos e a perspectiva é de que esse volume dobre nos próximos 20 anos. “Estamos falando de quase 500 milhões de automóveis em duas décadas. E apesar de todos os incentivos aos carros elétricos na China, eles acreditam que essa tecnologia não deverá ultrapassar 30% da frota. Assim, fica claro que o etanol vai ter que necessariamente fazer parte da equação no esforço chinês de reduzir poluição local e emissões de gases de efeito”, destacou Eduardo Leão.
Outra boa oportunidade para o etanol surgiu de encontro com a PetroChina, maior companhia chinesa, com um faturamento de quase US$ 140 bilhões. Durante reunião com os representantes da UNICA, demonstraram interesse em conhecer o programa de etanol brasileiro, cuja experiência poderá oferecer uma alternativa de diversificação da matriz de transportes chinesa.
Eduardo Leão e Evandro Gussi também foram recebidos pelo vice-presidente do New Development Bank, Sarquis J. B. Sarquis, que demonstrou interesse no projeto da UNICA de internacionalização do etanol como fonte de combustível limpo e renovável.
SEMINÁRIO
Em fevereiro de 2020, a UNICA e o Governo Federal irão promover seminário na China com objetivo de apresentar o programa de etanol brasileiro e debater temas como o impacto do etanol na indústria automobilística, questões ambientais, regulatórias e de abastecimento.
A COFCO, maior produtora chinesa de etanol, demonstrou bastante interesse em cooperação para realização do seminário. A ideia é que o Brasil possa compartilhar a experiência na produção de etanol e as lições aprendidas nas últimas quatro décadas.
MISSÃO
As reuniões, organizadas pela UNICA, também contaram com a participação do Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, e de Patrícia Iglecias, diretora-presidente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), que integram a comitiva liderada pelo governador de São Paulo, João Doria, para a promoção de negócios entre Brasil e China.
“Os secretários e representantes do governo de São Paulo nos apoiaram bastante em nossas agendas na China. Durante as reuniões, compartilharam a experiência exitosa de São Paulo no uso do etanol, estado com a maior participação relativa do biocombustível na matriz de transportes do Brasil”, destacou Leão.
PROJETO
A Apex-Brasil e a UNICA iniciaram, em 2008, uma parceria estratégica para promoção da imagem dos produtos sucroenergéticos no exterior, em especial do etanol brasileiro como uma energia limpa e renovável. As duas entidades assinaram um convênio que prevê investimentos compartilhados.
O projeto pretende influenciar o processo de construção de imagem do etanol e demais derivados da cana junto aos principais formadores de opinião mundial, bem como empresas de trading, potenciais investidores e importadores, ONGs e consumidores.