Público se emociona com concerto da fadista Carminho, grande atração da festa.
Súsan Faria
Fotos: Eliane Loin
“Esse é um momento particularmente doloroso para Portugal, quando passado domingo, mais de 60 pessoas perderam a vida de forma trágica e muitas ficaram feridas e perderam seus bens num incêndio florestal em Leiria”. A declaração foi feita pelo embaixador de Portugal, Jorge Dias Cabral, durante as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no dia 21 de junho, no Teatro Poupex, no Setor Militar Urbano de Brasília. A data comemorativa daquele país é 10 de junho, mas foi lembrada 11 dias depois na Capital Federal.
O embaixador referiu-se às palavras do Presidente de Portugal, Marcelo Nuno Rebelo de Sousa: “é preciso que sejamos um só, para enfrentar essa catástrofe, homenageando os mortos, consolando os seus familiares e amigos e apoiando as instituições e autoridades que bravamente se opuseram à destruição”. Em seguida, o embaixador pediu um minuto de silêncio para as vítimas do incêndio.
Cerca de 400 convidados participaram da festa, entre eles, autoridades militares e do poder judiciário, embaixadores e representantes do corpo diplomático. O ponto alto das comemorações foi a apresentação da cantora Maria do Carmo de Carvalho Rebelo de Andrade, a fadista Carminho, que dedicou seu concerto aos que combatem o fogo em Pedrogão Grande, em Leiria, no Centro de Portugal.
Turismo – O embaixador comentou sobre o vídeo institucional apresentado, conclamando os presentes a visitar ou revisitar Portugal: “nessa função de que muito me honro e me orgulho, venho constatando a força e o dinamismo dos laços que nos unem”. Disse que este ano o número de turistas brasileiros em seu país está batendo recorde e lembrou que, nos dias 10 e 11 de junho, em São Paulo e no Rio de Janeiro, houve inédita comemoração para homenagear os conterrâneos ali radicados, com a presença do presidente e do primeiro ministro português. “Dos dois lados do Atlântico encontramos parentes, partilhamos referências hábitos e história e usamos a mesma língua”.
Jorge Cabral lembrou que oito mil brasileiros frequentam as universidades portuguesas e a excelência dos centros de investigação. Por fim, apresentou Carminho, “uma cantora que sabe interpretar e sentir a nossa alma, uma das vozes mais conceituadas da nova geração”. Antes do discurso, foi servido o famoso queijo de Serra da Estrela, fabricado no Centro de Portugal, vinhos e salgados portugueses; e cantado os Hinos Nacionais dos dois países e da União Européia. Ao final do evento, foi servido café e os tradicionais pastéis de Belém.
Carminho – Vestida toda de preto, Carminho cantou vários fados. “Dedico esses momentos a todos os portugueses que estão neste momento a trabalhar contra esse flagelo que estamos a viver em Portugal, que é aquele incêndio que não acabou. É para eles que vai toda a minha energia, e por eles que também festejamos o Dia de Portugal”, disse.
“A minha relação com o Brasil é forte”, afirmou a cantora, que já gravou um CD da Bossa Nova, com músicas de Tom Jobim, e veio ao Brasil por diversas vezes, a primeira por mar, quando ganhou uma canção e um poema da cantora Marisa Monte, com quem fez gravações.
Nascida em Lisboa, Carminho é filha de fadista Teresa Siqueira e desde pequena conviveu com cantores como Amália Rodrigues. Em Brasília, foi acompanhada pelos músicos: José Murilo de Freitas, no baixo; Flávio César Cardoso, viola do fado; Ivo Costa, percussão; e Luis Guerreiro, guitarra portuguesa. Carminho emocionou o público com fado e as música Sabiá, de Tom Jobim e Chico Buarque; e “Chuvas no Mar”, de Marisa Monte; e contou histórias de pescadores, de Nossa Senhora de Nazaré e da menina tuberculosa que ficava todos os dias na janela para ver o amado passar, sempre com um recado para melhor viver. A fadista também elogiou Brasília, destacou o escritor Fernando Pessoa, brincou com o público e recebeu muitos aplausos dos brasilienses.