Presidente da França Emmanuel Macron diz ser contra tratado por problemas ambientais, mas, após crítica, anuncia verba para Amazônia
O presidente francês Emmanuel Macron inviabilizou, neste sábado (02), a assinatura do tratado entre a União Europeia e o Mercosul, ao afirmar ser contra a aprovação do acordo de livre comércio entre os dois blocos econômicos. O documento estava em fase final para conclusão e entraria em vigor ainda neste ano, caso fosse aceito por ambos os lados, mas agora Macron se recusa a assiná-lo. Para ele, o tratado não é bom para nenhuma das partes. Logo depois, em postagem no X (antigo Twitter), declarou que irá repassar 500 milhões de euros, cerca de R$ 2,68 bilhões, para preservação da Amazônia nos próximos três anos.
“Sou contra o acordo Mercosul-UE, porque acho que é um acordo completamente contraditório com o que ele está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo, porque é um acordo que foi negociado há 20 anos, e que tentamos remendar”, afirmou Macron, em coletiva de imprensa no Palácio do Eliseu.
O presidente francês disse que o acordo não leva em conta a biodiversidade e o clima dentro dele. Segundo ele, “é um acordo comercial antiquado que desmantela tarifas, se me permite. Nos últimos anos, esses acordos foram bastante melhorados”.
Na visão de Macron, deve-se pensar num acordo que seja muito mais geoestratégico, mais consistente, com as nossas estratégias e não “à moda antiga”, por isso não aprova. “Hoje não sei como explicar este acordo a um agricultor, a um produtor de aço, a um fabricante de cimento francês ou europeu”, explicou.
Mercosul e União Europeia estiveram negociando por mais de duas décadas, um acordo comercial que envolve 31 países, 720 milhões de pessoas e aproximadamente 20% da economia mundial. nos últimos meses, diplomatas dos dois países intensificaram ainda mais os esforços para finalmente assinar o acordo.
A pressa se dá porque a Argentina elegeu um presidente, Javier Milei, que é contra o tratado. Os governos esperavam fechar o acordo em uma cúpula no Rio de Janeiro na próxima semana, poucos dias antes da posse de Milei em Buenos Aires.
A posição do dirigente francês é um revés para Lula. O presidente foi questionado logo depois da declaração de Macron e disse achar normal que a França tenha essa opção. Segundo o presidente, o país tem um histórico protecionista. No entanto, disse ele, a União Europeia não pensa o mesmo. A questão é que para entrar em vigor, o acordo de livre comércio precisa ser aprovado pelos parlamentos de todos os países, tanto da União Europeia quanto do Mercosul.
Fundo Amazônia– Ainda neste sábado (02), o presidente Macron afirmou nas redes sociais que a França vai “dedicar”500 milhões de euros para a preservação das florestas brasileiras. A declaração foi feita horas depois de ele ter criticado o acordo Mercosul- União Europeia, que chamou de “incoerente” e “mal remendado” na tentativa de ser fechado. A seu ver, o tratado “não leva em conta a biodiversidade e o clima dentro dele. É um acordo comercial antiquado e que desfaz tarifas”, acrescentou Macron.
Na manhã deste sábado (2), também o Reino Unido anunciou a destinação adicional de 35 milhões de libras (cerca de R$ 215 milhões) para o Fundo Amazônia, além dos 80 milhões de libras (R$ 500 milhões) que já havia anunciado em maio.