Quase 200 pessoas estavam desaparecidas no norte da Índia neste domingo depois que um enorme fragmento de uma geleira do Himalaia caiu em um rio, o que provocou uma forte torrente que inundou duas centrais elétricas e destruiu pontes e estradas.
Até o momento sete corpos foram encontrados e uma operação de emergência teve início para tentar resgatar 17 pessoas que estão retidas em um túnel, informou o chefe de polícia do estado de Uttarakhand.
A grande correnteza atravessou o vale do rio Dhauliganga, destruindo tudo o que encontrou em seu caminho, de acordo com vídeos feitos por moradores da região aterrorizados. “Subia uma nuvem de poeira à medida que a água avançava. O chão sacudia como em um terremoto”, afirmou Om Agarwal, morador da região, a um canal de televisão.
A maioria dos desaparecidos são funcionários de duas centrais de energia elétrica devastadas pela correnteza, provocada pela queda de um fragmento gigantesco de geleira da encosta de uma montanha, informou o chefe de polícia, Ashok Kumar.
“Havia 50 trabalhadores na central de Rishi Ganga e não temos nenhuma informação sobre eles. Outros 150 trabalhadores estavam em Tapovan”, completou. “Quase 20 estão retidos em um túnel. Estamos tentando chegar até eles”, disse.
Com a estrada principal completamente arrasada, o túnel ficou tomado por lama e pedras, o que obrigou as equipes de emergência a descer por uma ladeira com cordas para ter acesso ao local.Centenas de funcionários das equipes de resgate, com o apoio de helicópteros e aviões, foram enviados à região.
As autoridades foram obrigadas a esvaziar as represas para deter a inundação, cujas águas chegaram ao Ganges. Os moradores foram proibidos de se aproximar das margens do rio sagrado. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, informou que está monitorando a operação de resgate.
“A Índia apoia a população de Uttarakhand e a nação inteira reza pela segurança de todos nesta região”, escreveu no no Twitter. Quatorze geleiras estão sobre o rio no Parque Nacional Nanda Devi, objeto de estudos científicos por causa dos crescentes temores a respeito da mudança climática e do desmatamento. “As avalanches são fenômenos comuns na bacia hidrográfica”, afirmou à AFP M.P.S. Bisht, diretor do Uttarakhand Space Application Centre.
As inundações devastadoras provocadas pelas monções em Uttarakhand em 2013 deixaram mais de 6.000 mortos, o que provocou uma revisão dos planos de desenvolvimento no estado, em particular em áreas isoladas como as próximas à represa Rishi Ganga. Uma Bharti, ex-ministra de Recursos Hídricos, afirmou que quando integrava o governo havia solicitado a paralisação dos projetos hidrelétricos em zonas “sensíveis” do Himalaia, como o Ganges e seus afluentes.
Vimlendhu Jha, fundador da ONG ecologista Swechha, afirmou que o desastre é uma “recordação sombria” dos efeitos da mudança climática e do “desenvolvimento aleatório de estradas, ferrovias e centrais elétricas em zonas ecologicamente sensíveis”. “Os ativistas e os habitantes são constantemente contrários aos grandes projetos no vale do rio”, disse.