A floresta e seus habitantes foram alvo nesta quinta (30/01), de conferências que ocuparam centros culturais em 75 países nos cinco continentes. Organizada pela Embaixada da França e pelo Instituto Francês, a “Noite das ideias” promove mesas de debate, exposições, apresentações musicais e exibição de filmes. Pela primeira vez no Brasil, e quinta no mundo, o evento aconteceu, simultaneamente, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília, na sede da Aliança Francesa, na Asa Sul, das 18h às 00h.
Este ano, sintonizado com a atualidade e as discussões que mobilizaram o mundo, o Instituto Francês escolheu como tema ser vivo e floresta, com desdobramentos que levam à reflexão sobre os modos de viver e de se relacionar com a natureza. “Essa noite é uma forma de concretizar o direito a liberdade de expressão e ao acesso ao conhecimento”, discursou o embaixador da França Michel Mirallet ao abrir o debate.
“A ideia foi fazer um debate com diferentes pontos de vista sobre assuntos da atualidade a partir de descobertas científicas”, explicou Vincent Zonca, adido para o livro e debate de ideias da Embaixada da França e responsável pela organização da Noite das ideias no Brasil.
A compositora Isabelle Sabrié, francesa radicada em Manaus há 12 anos, fez um pequeno concerto no qual propõe uma escuta dos sons da floresta. A poetisa Ana Rossi, o fotógrafo Ricardo Stuckert e o ativista Tashka Yawanawá, chefe do povo indígena Yawanawá no Acre, participaram da mesa redonda sobre o tema Ver a floresta.
Ana Rossi, também professora do Instituto de Letras da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora da língua guarani leu um poema da cosmogonia guarani sobre a origem do mundo. A obra foi resgatada pelo antropólogo austríaco Leon Cadogan no final dos anos 1940 e traduzida para o português e para o francês. “Esse poema tem a ver com essa questão do mundo das florestas e dos deuses”, explica Ana. O jornalista Hélio Doyle foi o mediador do primeiro debate.
Antes da segunda mesa, foi apresentado ao público o curta Plantae, animação criada pelo diretor Guilherme Gehr em 2017. Na tela, um madeireiro se prepara para cortar uma árvore de grande porte. Quando consegue efetivar o corte, o enorme tronco alça voo e desaparece. “A grande metáfora é que, uma vez que você desmata, você perde algo para sempre: é irreparável a perda gerada pelo desmatamento massivo que a gente vê no mundo inteiro”, explica Gehr.
A segunda mesa da Noite das ideias foi centrada no tema Proteger a floresta e teve participação de Daniela Martins, representante do Cities4forest, de Suzana Padua, presidente do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), e Yuri Botelho Salmona, diretor executivo do Instituto Cerrados. Antes da última mesa, Viver a floresta, houve ainda apresentação de trecho do documentário Curupira, bicho do mato, de Félix Blume. O líder indígena Álvaro Tukano e o etnobotanista francês Guillaume Odonne dividem a última mesa com discussão sobre a floresta como espaço de vida de várias espécies.
Fotos: João Américo