O arcebispo sul-africano Desmond Tutu, proeminente líder na luta contra o apartheid, morreu neste domingo (26), segundo a presidência da África do Sul. Tutu foi diagnosticado com um câncer de próstata no final da década de 1990 e, desde então, tratava infecções relacionadas à doença. O presidente Cyril Ramaphosa o descreveu como “um homem de uma inteligência extraordinária, íntegro e invencível contra as forças do apartheid”. Sua luta contra o regime segregacionista lhe rendeu um Nobel da Paz, em 1984.
Desmond Tutu nasceu na cidade sul-africana de Klerksdorp, em 1931, filho de uma empregada doméstica e de um professor. À princípio, seguiu os passos do pai e formou-se também educador, mas desistiu da carreira diante das condições precárias do ensino no país. Foi ordenado sacerdote da Igreja Anglicana em 1961 e, a essa altura, iniciou também seu ativismo pelas causas sociais e raciais.
O arcebispo usava sua posição na igreja para defender sanções internacionais contra a segregação racial no país e exigia direitos iguais para pessoas negras. Nunca poupou o governo sul-africano de críticas abertas, provocando a ira dos governantes e a simpatia da população, que lhe apelidou que “bússola moral da nação”.
Tutu se tornou arcebispo na Cidade do Cabo em 1986. Ao contrário de outros líderes da luta contra o apartheid, como Nelson Mandela, Tutu não chegou a ser preso, já que sua posição religiosa o blindava da prisão. Com o fim da segregação no país e com a eleição de Mandela, em 1994, foi o arcebispo quem presidiu a Comissão da Verdade e da Reconciliação que, segundo ele, “abria as feridas” do apartheid para que depois fossem curadas.
Desmond Tutu seguia se posicionando a respeito das causas que defendia embora já tenha se retirado da vida pública. Acusou o Ocidente de conivência com o sofrimento dos palestinos e, em 2013, declarou seu apoio à comunidade LGBTI+, afirmando que jamais iria “adorar um Deus que fosse homofóbico”.
*Com agências de notícias