As relações Brasil-Belarus, segurança alimentar, situação migratória na fronteira Belarus-União Europeia, reforma constitucional, sanções comerciais e oportunidades de redução do uso de combustíveis fósseis. Esses foram alguns dos temas abordados pelo embaixador da Belarus no Brasil Sergey Lukashevich durante encontro com membros da Associação Brasileira de Jornalistas e Comunicadores da área internacional e Diplomática, ABRAJINTER, na sexta-feira (10), na sede da embaixada. Apesar da distância geográfica, o Brasil é um dos principais parceiros econômicos de Belarus figurando entre os dez mais importantes e o comércio bilateral promete ser ainda mais promissor em 2022.
Lukashevich falou de temas sensíveis para cerca de 30 jornalistas e comunicadores como a situação na fronteira bielorrusso-polonesa e os refugiados, que continua bastante complicada, assim como na fronteira com a Lituânia. Os dois países são membros da União Europeia que juntamente com EUA e Reino Unido impõem sanções ao país. “O caos atual na fronteira não é culpa da Belarus, mas o Ocidente está persistentemente tentando convencer o mundo e o público europeu do oposto… Os fatos mostram que não é Belarus que instrumentaliza os imigrantes, como se afirma na alta tribuna da União Europeia e em alguns países”, Afirmou o embaixador. Segundo ele, o governo bielorrusso já gastou mais de 20 milhões de dólares para ajudar os refugiados.
Sergey Lukashevich comentou sobre a Implementação das sanções contra a Belarus, uma pressão diplomática que nos últimos meses vem tomando proporções sem precedentes dos países ocidentais. Tudo começou em maior depois que um avião da Ryanair pousou na capital Minsk por decisão do comandante devido a um relatório de um dispositivo explosivo a bordo. Desde então UE e EUA impuseram embargo aos voos para Belarus. Segundo o diplomata, o governo bielorusso tem repetidamente declarado que está pronto para retomar os contatos bilaterais com os países ocidentais e é favor ao diálogo. “A aplicação de restrições unilaterais é uma violação flagrante do direito internacional e causa danos irreparáveis a todo o sistema de relações internacionais, aumentando o potencial de conflito e hostilidade nas relações interestaduais”, disse o embaixador.
O embaixador Lukashevich destacou os avanços socioeconômicos de seu país, e também sobre o fortalecimento das relações multilaterais com o Brasil. Neste ano de 2021, Belarus obteve aumento de sua produção industrial em aproximadamente 8%, e aumento das exportações em 32%, com a invejável taxa de desemprego de 3,9%, uma das menores taxas de toda a comunidade internacional. De acordo com o diplomata, 70% da frota aérea de Belarus foi fornecida pela brasileira Embraer, em contrapartida, 25% dos fertilizantes à base potássio utilizados no agronegócio brasileiro são provenientes de Belarus, um dos três principais fornecedores para o Brasil
Os fertilizantes bielorrussos também estão sofrendo restrições e, de acordo com o embaixador Lukashevich, “são meramente uma tentativa da União Europeia e os Estados Unidos de competir usando métodos proibidos: contra Belarus como concorrente na produção de fertilizante de potássio, contra o Brasil como concorrente na produção de alimentos e contra a China como principal concorrente dos EUA no mundo”. De acordo com o diplomata, Belarus é o parceiro confiável do Brasil no fornecimento desse produto e conhece as especificidades do cultivo de e venda de soja, milho, café e cana-de-açúcar. Uma posição clara do Brasil sobre as sanções da UE em relação ao produto no contexto da segurança alimentar, a seu ver, ajudaria a dissuadi-los a tomar medidas irrefletidas.
Os produtos brasileiros que mais despertam interesse, considerando o mercado interno consumidor de 10 milhões de habitantes, são os bens de primeira necessidade como carnes, frutas, legumes, chocolate, castanhas, queijo, frutas e legumes congelados e mistura de legumes. “A parceria Brasil e Belarus é crescente e apresenta excelentes oportunidades de investimento”, acredita o embaixador Lukashevich.