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Por: Marcelle Siqueira Santos (UERJ)
O Canal do Panamá, inaugurado em 1914 com o intuito de conectar o Oceano Atlântico ao Pacífico, terá sua ampliação concluída até o segundo trimestre deste ano. O Canal tem por objetivo aumentar o comércio marítimo entre países dos dois oceanos, sendo estrategicamente relevante para os Estados Unidos. Como apontou o geopolítico Alfred Thayer Mahan, o istmo do Panamá seria uma posição fundamental na geopolítica do Caribe. Nessa região saíam três das quatro linhas de comunicação, ligando o istmo à Europa, à costa leste dos EUA e à boca do Mississipi. A princípio, em 1880, a França iniciou a construção do grande Canal, entretanto, sem lograr êxito.
Em 1903, os EUA assinaram contrato com o Panamá para a construção do Canal, de modo que em 1904, adquiriram os direitos da França sobre o empreendimento. Após 10 anos, o Canal foi concluído, com investimentos de US$375 milhões e com uma extensão de 64 km. Ao ser inaugurando, o Canal encurtou a distância de mais de 6.000 milhas entre os dois oceanos. Atualmente, antes da ampliação, o tempo médio que uma embarcação leva para cruzar o canal é de 10 horas, e o tempo na fila de espera para iniciar a travessia é de 27 horas. A demanda pelo uso do canal cresceu e e a ampliação se fez necessária. Sem contar a provável competição com o Canal da Nicarágua, financiado pela empresa chinesa Hong Kong Nicaragua Canal Development Investment, que deverá estar pronto na próxima década.
A Autoridade do Canal do Panamá (ACP) é a responsável pelo programa de ampliação, que tem um custo geral de US$5,25 bilhões, financiados pelo Banco Europeu e pelo Banco Japonês de Cooperação Internacional (JBIC), entre outros parceiros. Percebe-se a ausência de capital norte-americano na obra, o que pode ser explicado pela mudança de prioridades estratégicas dos EUA. Dentre os benefícios da ampliação, em médio prazo, destacam-se a diminuição da fila de espera, assim como do preço do pedágio.
A capacidade de transporte dos navios aumentará dos atuais 5.000 TEU’s (unidade equivalente a 20 Pés) para 13.000/14.000 TEU’s, segundo a ACP. Isso será possível com a alteração no tamanho das eclusas (imagem). Outra novidade é a primeira base de poupança de água, que reaproveitará 60% da utilizada nas comportas. Pelos elementos destacados, o valor estratégico do canal se manterá alto perante o comércio internacional. Para o Brasil, os benefícios virão com a diminuição dos custos e do tempo para a travessia, principalmente para os navios com destino a China e ao Japão, parceiros comerciais mais importantes do Brasil no Pacífico
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