SÃO PAULO, 2 MAR (ANSA) – O diplomata foi convidado para falar sobre a “perspectiva brasileira” para a presidência italiana no G20, grupo que reúne 19 das maiores economias do mundo e a União Europeia, e aproveitou para rebater críticas recorrentes no bloco sobre as políticas ambientais do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
A soja brasileira ocupa apenas 1% do bioma amazônico. Toda a produção brasileira de soja tem controle de origem. “Recentemente, ouvi propostas curiosas, diria até excêntricas, sobre a expansão da produção de soja ou carne na Europa, de forma a evitar importações que, supostamente, incentivariam o desmatamento na Amazônia”, disse Ramos. A referência é a uma declaração de Macron no início do ano, quando o presidente francês afirmou que depender da soja brasileira significa “endossar” a devastação da Floresta Amazônica.
“Além de ser fundada sobre falsas premissas, tais propostas levariam a um aumento do desmatamento no velho continente, para plantar em terras com menor produtividade e maior impacto ambiental, agravando a situação de uma das regiões mais desmatadas do mundo”, acrescentou o embaixador. Segundo o diplomata, essa proposta mascara “interesses setoriais e o velho protecionismo, associados a novas tendências de soberanismo alimentar nos países desenvolvidos”.
Além disso, Ramos garantiu que a agropecuária brasileira é “sustentável” e que o país está “plenamente empenhado” com o Acordo de Paris sobre o clima. De acordo com o Instituto Imazon, o desmatamento na Amazônia cresceu 30% em 2020, na comparação com 2019, e chegou ao maior patamar em uma década. Além disso, o Brasil registrou 222.798 focos de queimadas no ano passado, alta de 12,7%, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Considerando apenas o Pantanal, o crescimento nos incêndios foi de 120%, enquanto na Amazônia a alta foi de 15,7%. Quando acontecem de forma dolosa, queimadas florestais costumam ser operações de limpeza para preparar o solo para futuros plantios ou criação de gado. A crise ambiental nos dois biomas provocou críticas ao governo Bolsonaro no exterior e colocou em risco a ratificação do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.