Rachel Alves Nariyoshi
Especialmente no próximo réveillon não pode faltar o vinho espumante para saudar o novo ano, ano de esperança e fé. Aí vai a primeira dica: Sabrar! Sabrar o vinho espumante para “quebrar” a passagem do ano pandêmico do Covid-19, ano de muitas perdas, de afastamento dos entes queridos, de reclusão social, de medos e inquietações. Então é chegada a hora de escolher o vinho espumante para harmonizar com os preparos gastronômicos e brindar o novo ano.
Alguns pratos, como o clássico pernil de suíno, o arroz com lentilha, o bacalhau com batatas, o salpicão ou a salada são preparos que harmonizam com os Vinhos Espumantes Bruts em inúmeras possibilidades. Afinal, o vinho espumante brut é versátil, pode acompanhar toda uma refeição, pode ser servido como entrada, como aperitivo, combina com tudo. E o vinho espumante Moscatel, aquele doce, só deve ser harmonizado com as sobremesas e alguns coquetéis. E o vinho espumante Demi-Sec está no meio termo. Há quem o escolha!
Não tem preferência de produtor? Opte pelos vinhos espumantes elaborados pelas Cooperativas vinícolas como a Aurora de Bento Gonçalves, a Garibaldi da cidade de Garibaldi/RS, a Nova Aliança de Flores da Cunha/RS, a São João de Farroupilha, a Cooprado da cidade de Antonio Prado, todas no estado do Rio Grande do Sul. Essas cooperativas produzem vinhos espumantes de qualidade que são vendidos em grandes, médios e pequenos supermercados, em empórios e em lojas especializadas.
E o preço? Ahhh isso depende, especialmente do método de elaboração. São elaborados a partir de duas fermentações. A primeira é conhecida como “vinho base” e a segunda fermentação é a que cria as “perlages” (borbulhas provocadas pela liberação de dióxido de carbono) e o diferencia dos demais vinhos. Essas borbulhas podem ser produzidas por dois métodos: Tradicional (Champenoise) ou pelo método Charmat.
Neste último, o método Charmat, a segunda fermentação e a formação das borbulhas acontecem nas autoclaves que são grandes tanques de aço inoxidável com válvulas controlando a pressão e cinturão controlando a temperatura, podendo levar apenas 40 dias de elaboração. São produzidos em grandes volumes a custo de menor valor, por isso são mais acessíveis.
Já no método Tradicional, a segunda fermentação ocorre na própria garrafa, ou seja, as borbulhas são produzidas e aprisionadas dentro da própria garrafa. É um método que requer mais tempo de elaboração e extremos cuidados com as garrafas que são giradas diariamente. Desse método é produzido inclusive o vinho Champagne, na região de mesmo nome na França e pode levar até 15 anos para ficar pronto. Naturalmente o preço é mais alto.
O vinho espumante tem muitos nomes. O vinho Champagne é um vinho espumante produzido na região de Champagne, França. Em outras regiões da França produzem ainda o Crémant, Vin Perlante e o Vin Mousseaux. Na Itália produzem o Asti, o Franciacorta, o Spumante e o Prosecco cuja casta, anteriormente conhecida como Prosecco, mudou seu nome para Ghera (nome que era conhecida na idade média). São produzidas, ainda na Itália, outros vinhos com adição de borbulhas como os Lambruscos e os Frisantes. A Romênia produz o Vin Spumos. A Espanha produz o Txacolí, o Corpinnat e o Cava. A Alemanha produz o Sekt, e os países de língua inglesa produzem o sparkling wine. No Brasil, chamamos simplesmente de vinho espumante. Mudam os nomes, as uvas, os terroirs, as cores, os preços, os estilos, os métodos de produção, mas o vinho espumante é sempre aquele com borbulhas que causam fascinação.
Dicas de como servir o vinho espumante:
- Degustar bem gelada, a 6ºC. As garrafas deverão ficar no bowl com gelo e água por toda a tarde. Não as colocar no freezer porque sua rolha endurece dificultando a retirada;
- Servir o coquetel Mimosa de welcome drink, logo que seus convidados chegarem: 50 ml de suco de laranja e completar a taça com o vinho espumante gelado. Enfeitar com zestes de laranja.
- Sabrar somente uma das garrafas. É um show pirotécnico que requer cautela com quem está no mesmo ambiente, especialmente quem usa óculos. Cuidado também com vidros e lâmpadas;
- Sacudir a garrafa e espocar a rolha? Somente uma das garrafas também. Esse procedimento, assim como a “sabrage” perdem muitas borbulhas que são próprias do vinho espumante. Geralmente é uma prática do vencedor da Fórmula 1;
- Usar a taça flûte ou tulipa (aquelas alongadas). Aproveite e observe as borbulhas que quanto menores e mais persistentes, revelam a melhor qualidade daquele vinho espumante. As taças “vintage ou coupe”, aquelas abertas, eram usadas muito antigamente para molhar o biscuit rose de Reims (hoje conhecido pelo biscoito champagne) no Champagne. Naquela época só se produzia o Champagne doce;
- Servir um pouco do vinho espumante na taça inclinada a 40º, vertendo
cuidadosamente o líquido sobre a lateral da taça para que haja o equilíbrio da temperatura do vinho e da taça. Depois completar a taça. É o único vinho que é servido a taça quase cheia; e - Fazer o brinde “batendo as taças” só é permitido no réveillon. Então aproveite o momento.
Não dá para passar o réveillon sem vinho espumante, pois ele combina com tudo, com o clima, com os preparos gastronômicos, com nosso jeito de ser e está historicamente ligado às festividades.
Saúde! Um brinde à vida!
Que venha o ano 2021, o ano da esperança!
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