Mariana Tramontina, do UOL
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou hoje regras que autorizam o uso emergencial e em caráter experimental de vacinas contra o novo coronavírus.
A autorização para uso de vacinas poderá ser concedida desde que sejam cumpridos requisitos mínimos de segurança, qualidade e eficácia. No Brasil são desenvolvidas quatro vacinas em parcerias com laboratórios estrangeiros. Segundo a Anvisa, ainda não há pedidos de registro em caráter emergencial.
O Instituto Butantan, do Estado de São Paulo, começou hoje a produzir a vacina CoronaVac, desenvolvida e parceria com o laboratório chinês Sinovac, e informou que solicitará à Anvisa o uso emergencial. O Fórum Nacional de Governadores também se prepara para entrar hoje com um pedido de aprovação emergencial da vacina da Pfizer, com base na possível breve aprovação do medicamento pela agência reguladora norte-americana, a FDA (Food and Drug Administration).
O registro temporário permite a aplicação de doses da vacina a públicos específicos definidos pelas autoridades sanitárias. Esse tipo de permissão não substituiu o registro sanitário no Brasil, condição necessária para venda de vacinas e aplicação em toda a população. Essas regras aprovadas hoje são semelhantes às adotadas no Reino Unido, onde já ocorre a vacinação de maneira emergencial, e não para toda a população.
Ontem, o Brasil registrou 848 novos óbitos causados pela covid-19, o maior registro em 24 horas desde 12 de novembro. Além disso, 21 estados mais o Distrito Federal apresentaram tendência de aceleração na média de mortes, o maior número desde o início do cálculo pelo consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte.
Enquanto cresce o número de mortes e casos de covid-19 no país e estados ampliam medidas restritivas com medo de uma segunda onda de contágio, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou hoje que o Brasil está vivendo o “finalzinho da pandemia” do coronavírus.
Um estudo realizado pela consultoria britânica Airfinity constatou que, se o Brasil mantiver apenas os acordos atuais com produtoras de vacinas contra a covid-19 pelo mundo, o país terá de esperar mais dois anos para conseguir distribuir doses suficientes para que haja uma imunidade de rebanho (parcela da população suficiente para amenizar o contágio). O levantamento foi apresentado nesta semana em um evento com os principais executivos de empresas farmacêuticas do mundo, como Pfizer e Johnson & Johnson.
Sobre a proposta dos países emergentes de suspender as patentes de vacinas e outros produtos contra a covid-19, os governos de todo o mundo não chegaram a um acordo, segundo o colunista do UOL Jamil Chade. O Brasil, ao lado de EUA, Europa e países ricos, é contra a ideia, alegando que tal medida não vai garantir acesso aos remédios.