Grandes empresas financeiras dos Estados Unidos estão ajudando na destruição ambiental e a promover abusos contra os povos indígenas da Amazônia, ao investir bilhões de dólares em companhias associadas a estas ações, revelou um relatório publicado nesta terça-feira (27).
As empresas BlackRock, Citigroup, JPMorgan Chase, Vanguard, Bank of America e Dimensional Fund Advisors investiram mais de 18 bilhões de dólares nos últimos três anos em empresas de mineração, agroindustriais e energéticas envolvidas em uma “série de abusos” na maior floresta tropical do mundo, segundo o relatório elaborado pela organização ambientalista Amazon Watch e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
“Grandes empresas do setor financeiro (…) estão usando o dinheiro de seus clientes para permitir ações hediondas de empresas ligadas a violações de direitos indígenas e à devastação da floresta amazônica”, disse o diretor de programas da Amazon Watch, Christian Poirier.
“Esta cumplicidade do setor financeiro com a destruição contradiz os compromissos com o clima e os direitos humanos apregoados por algumas dessas empresas, expõe seus investidores a graves riscos e contribui de forma dramática com as crescentes crises mundiais da biodiversidade e do clima”, acrescentou, em um comunicado.
O documento investigou os investimentos das empresas em nove companhias brasileiras e multinacionais associadas a abusos na Amazônia, entre elas as mineradoras Vale e Anglo American, as agroindústrias Cargill e JBS, e a energética Eletronorte.
A pesquisa acusa as empresas de práticas nocivas, como expropriação de terras, violência contr grupos indígenas, desmatamento ilegal e uso de pesticidas daninhos.A JBS, a maior produtora de carne do mundo, é apontada por ter obtido gado de fazendas que invadem as reservas indígenas Uru-Eu-Wau-Wau e Kayabi, na Amazônia brasileira.
A gigante da mineração Vale, enquanto isso, enfrenta acusações de contaminação da água e em falhar em seu compromisso de mitigar o impacto de suas atividades em terras indígenas, segundo o documento.
Os conflitos sobre a terra estão alimentando um aumento da violência contra os indígenas na Amazônia, que inclui um aumento de 135% no número de invasões de territórios no ano passado e o assassinato de sete líderes, afirma.