Bailarinos do Rajastão encantam com show de equilibrismo
Súsan Faria
Fotos: Eliane Loin
Elas dançam com maestria, equilíbrio e leveza. Conseguem dar passos ligeiros e graciosos carregando até 10 vasos de cerâmica na cabeça, um em cima do outro. Usam ornamentos com brilho, saias rodadas e chocalhos kuchis nos tornozelos. Dançam descalços.
Os homens não deixam por menos, conseguem dançar subindo em dois copos de vidro pequenos e vaso de água na cabeça. São os bailarinos indianos do Rajastão que foram muito aplaudidos em Brasília durante apresentação na Casa Thomas Jefferson, da 609 Norte, no dia 10 de abril.
O grupo de dança Rajasthani Kalbelia, artesãos e chefs de cozinha do Rajastão mostraram seus dons em São Paulo (SP) e na Capital Federal. De acordo com o embaixador da Índia no Brasil, Sunil Lal, o primeiro ministro do seu país tem a política de divulgar a cultura indiana levando grupos da terra de cada embaixador para a capital onde eles estão residindo.
Emocionado, Sunil Lal observou que estava apreciando danças do Estado onde nasceu e cresceu – o Rajastão. “É algo especial”, comentou, destacando que se a bailarina estivesse familiarizada com o piso ela conseguiria dançar equilibrando até 10 vasos de cerâmica na cabeça. Na apresentação, a bailarina dançou com oito vasos, um de cada vez trazido por outro bailarino, aumentando aos poucos a dificuldade. O embaixador Sunil, que se encontra há dois anos em Brasília, comentou que o governador do Rajastão se empenhou muito em trazer o grupo ao Brasil.
Os seis bailarinos do Rajastão, liderados pela bailarina Moru Sapera, apresentaram danças típicas de Kalbelia, Chari, Ghoomer, Bhawai e outras danças – inclusive replicando movimento de cobras – coreografias que passaram de geração a geração, apenas pela tradição, sem textos ou manuais que as registram. A performance foi prestigiada pelos oficiais do governo do Brasil, diplomatas, mídia, amantes da cultura e amigos da Índia. Em 2010, músicas e danças folclóricas do Rajastão foram declaradas Patrimônio Material pela Unesco.
Artesanato – Cinco artesãos do Rajastão trouxeram artesanatos de diferentes áreas. Hanuman Saini exibiu suas requintadas pinturas feitas com cores naturais; Avaz Mohammed mostrou seu trabalho de laca; e Mustakim Kachara exibiu seus finos sarees Kota Doria. Os brasilienses tiveram a oportunidade de ver os sapatos tradicionais de couro de Ram chandra e os trabalhos de impressão em bloco em têxteis de Santosh Kumar Dhanopia, exibidos em mais de 10 países.
Rajastão – é um dos estados culturalmente mais vibrantes da Índia, conhecido como “A terra dos reis”. Ocupa 10.4% do território total do país. Encontra-se no Oeste da Índia, onde está o deserto de Thar, conhecido por seus palácios fortes, cavalaria, valentia, cores, cozinha e cultura. Os sítios turísticos incluem as ruinas da civilização do vale Indus em Kalibangan; os templos de Dilwara; o sítio da peregrinação Jain; o monte Abu, uma estação montanhosa localizada na montanha Aravalli; e o parque nacional de Keoladeo, sítio da herança mundial conhecido pela diversidade das aves. Jaipur, a capital do Rajastão é também conhecida como a cidade rosa Jodhpur, Udaipur, Bikaner, Kota e Ajmer
Kalbélia – a comunidade é lembrada pelo amor e respeito às cobras e por ser ambientalista por séculos. Após a promulgação da Lei Nacional da Fauna Silvestre de 1972, não houve mais domadores de cobras na Kalbélia. As artes cênicas, no entanto, continuam sendo motivo de orgulho para esse povo. “Gostei demais da apresentação. Foi uma oportunidade ímpar. As danças da Kalbélia deveriam estar nos roteiros de tours pela Índia”, disse a administradora de empresas Lúcia Félix, residente na Asa Sul de Brasília. Já a servidora do Supremo Tribunal Federal, Rosimere Almeida, moradora da Asa Norte da Capital, ficou especialmente surpreendida com as roupas das bailarinas: “vestimentas e adornos maravilhosos”.