Pela quarta vez em uma semana, milhares de opositores venezuelanos protestavam neste sábado (8) em Caracas contra o governo de Nicolás Maduro. O último fato marcante foi a decisão que impede o opositor Henrique Capriles de exercer cargos públicos por 15 anos.
Carregando fotos do líder Henrique Capriles, figura emblemática da oposição, os manifestantes acusaram mais uma vez o presidente Nicolás Maduro de liderar uma “ditadura” que afundou a Venezuela na “miséria”.
Capriles foi notificado na sexta-feira (7) pela chamada Controladoria, de que não está habilitado para exercer cargos públicos por 15 anos, o que acaba com suas possibilidades de se candidatar pela terceira vez à presidência nas eleições de dezembro de 2018. A sanção corresponde a “irregularidades administrativas” durante a gestão de Capriles entre 2011 e 2013 como governador de Miranda, no norte do país. O líder opositor de 44 anos anunciou que recorrerá da sanção.
Capriles, que perdeu a eleição de 2013 para o atual presidente, Nicolás Maduro, reagiu com indignação: “Aqui o único que está inabilitado é Nicolás Maduro. Metam sua inabilitação onde o sol não bate”, exclamou o governador do Estado de Miranda em entrevista coletiva. “O governo não quer eleições, principalmente eleições livres. Para ninguém é segredo minha aspiração de dirigir este país, mas além de uma aspiração, trata-se do que o povo quer. Temos que mudar este país, isto ficou intolerável. Aqui há gente morrendo de fome. Hoje me declaro em campanha, não como candidato, mas como pessoa, para percorrer todas as cidades deste país”. Segundo Capriles, sua inabilitação causou mal-estar inclusive dentro das Forças Armadas.
Maduro x “Capriloca” – O presidente Maduro declarou na sexta-feira que o país deve se concentrar na recuperação econômica e não na “Capriloca” (como chama Capriles) ou na Organização dos Estados Americanos (OEA), que há alguns dias declarou que a Venezuela atravessa “uma grave alteração institucional”.
A apelação pode ser apresentada na Controladoria, no prazo de 15 dias, ou ao Supremo Tribunal de Justiça, nos próximos seis meses. Os dois órgãos são apontados pela oposição como escritórios de Maduro. Se for condenado, Capriles deverá abandonar o cargo de governador de Miranda, para o qual foi reeleito em 2013.