O primeiro-ministro do Líbano, Hassan Diab, renunciou nesta segunda-feira (10). Ministros de seu governo estavam abandonando seus postos em consequência da megaexplosão no porto de Beirute, na semana passada, e em meio a uma onda de protestos que começou no fim de semana.
Pouco antes do anúncio, ele afirmou que a explosão foi resultado de corrupção endêmica no governo. Em um discurso curto transmitido pela TV, ele afirmou que vai dar “um passo para trás para poder estar com o povo e lutar por mudanças junto com as pessoas”.
O presidente do país, Michel Aoun, aceitou o pedido de demissão do premiê libanês mas anunciou, em um pronunciamento televisionado, ter pedido a Diab que seguisse trabalhando de maneira interina até a formação de um novo governo.
A renúncia foi anunciada em mais um dia de protestos no Líbano, enquanto manifestantes que faziam ato no centro revitalizado de Beirute atiravam pedras em agentes de segurança que tentavam proteger a entrada do Parlamento. As forças do estado respondiam ao protesto com gás lacrimogêneo.
No fim de semana, moradores da capital do país começaram a protestar contra o governo. Diab enfrentou pressão crescente para deixar o cargo. Ele havia dito, no sábado, que solicitaria eleições parlamentares antecipadas.
Megaexplosão no porto de Beirute
A explosão de mais de quase 3 mil toneladas de nitrato de amônio, em 4 de agosto, matou pelo menos 163 pessoas, feriu mais de 6 mil e destruiu partes da movimentada capital mediterrânea, combinando meses de colapso político e econômico.
O gabinete, formado em janeiro com o apoio do poderoso grupo Hezbollah apoiado pelo Irã e seus aliados, se reuniu na segunda-feira, com muitos ministros querendo renunciar, de acordo com fontes ministeriais e políticas.
Os ministros da Informação e Meio Ambiente renunciaram no domingo (9). A mesma decisão foi tomada pela ministra da Justiça e vários legisladores do país, que se demitiram nesta segunda-feira.
O ministro das Finanças Ghazi Wazni, um negociador chave com o FMI sobre um plano de resgate para ajudar o Líbano a sair de uma crise financeira, preparou sua carta de renúncia e a trouxe para uma reunião de gabinete, disse uma fonte próxima a ele e à mídia local.
O gabinete decidiu encaminhar a investigação da explosão ao conselho judicial, a mais alta autoridade legal cujas decisões não podem ser apeladas, disse uma fonte ministerial e a agência de notícias estatal NNA. O conselho geralmente trata dos casos de segurança máxima.