Liz Elaine Lôbo
Produção: Elna Souza
O objetivo é prevenir um “segundo surto” da Covid-19 no país com a chegada do inverno, em setembro. Em entrevista exclusiva à revista Embassy, o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, fala do desafio de manter o controle da pandemia, das novas tecnologias utilizadas para o tratamento das infecções mesmo à distância e das conversas com países que já não registram mais casos da Covid-19 para reabertura do turismo. Leia agora a entrevista na íntegra.
Embassy – Qual são a situação atual de Israel e os desafios futuros?
Em Israel hoje temos um achatamento da curva dos casos de Covid-19 e a retomada de vários setores econômicos está acontecendo. Em números totais tivemos 16815 casos e já houve a recuperação de 632 pacientes. Mortos – 283. Nesta quinta-feira (28), tivemos dois óbitos e 23 casos novos de Covid-19 foram descobertos. O maior desafio está em prevenir um novo surto da pandemia e preparar para uma potencial segunda onda com a chegada do inverno em Israel em setembro. Outro desafio é a restauração da atividade econômica sem prejudicar a saúde do público.
Embassy – O governo israelense está fechando alguns hospitais especializados em Covid-19. Isso é sinal que não existe mais preocupação com a pandemia no país?
Com o achatamento da curva, nós temos que redirecionar nossos limitados recursos médicos para tratar outras enfermidades. E não precisamos o mesmo âmbito de serviços com a queda dos casos de Covid. Pessoas com outras enfermidades adiaram todos os tratamentos devido à pandemia.
Embassy – Israel inicia o retorno gradual do turismo com parques abertos e atividades ao ar livre. Que tipos de passeios/tours já estão sendo permitidos?
A partir desta semana, restaurantes, bares, piscinas, hotéis já retomaram as atividades. Há algumas restrições como manter o distanciamento de dois metros, diminuição do numero de cadeiras e mesas nos restaurantes e bares, além de reduzir a capacidade dos teatros em 25%. Israel está conversando com países “verdes”, que já não registram casos de Covid 19, para como aliviar todas as restrições de viagem entre eles e Israel.
Embassy – Israel informou que vai ajudar a Autoridade da Palestina para compensar a perda de receitas provocada pela pandemia de covid-19. Essa ajuda será mesmo feita e existem outros países beneficiados?
Israel apoia economicamente a Autoridade Nacional Palestina e, inclusive, com fornecimento de equipamento e cooperação entre as equipes médicas israelenses e palestinos no combate ao coronavírus. Além disso, Israel está ajudando entidades ao redor do mundo como também outros países na luta contra a pandemia. Por exemplo, ontem, o Primeiro Ministro Netanyahu conversou com o presidente Bolsonaro e, além de expressar a solidariedade do povo israelense com o povo brasileiro, os mandatários combinaram uma cooperação israelense com as indústrias do Brasil para produzir o equipamento medico necessário para lidar com a epidemia. Também estão sendo realizadas conversas profissionais entre as equipes de especialistas dos dois países para transmitir a experiência cumulativa de Israel no tratamento do vírus.
Embassy – O mundo está enfrentando a crise de saúde pública mais séria das últimas gerações. O que Israel tem feito para ajudar os mais vulneráveis nessa pandemia?
Israel reagiu no jeito modulário com a pandemia. Primeiramente, houve o fechamento das viagens internacionais dos países mais infectados. Cada israelense que chegou do exterior foi obrigado a cumprir dias semanas de quarentena. Um decreto especial permitiu a polícia verificar que as pessoas cumprissem esta quarentena e identificar rapidamente quais delas cruzaram infectados pelo covid 19 e alertá-los para que fossem realizados testes e quarentena. Até agora e apesar da retomada econômica, a recomendação para idosos e grupos de risco é que eles permaneçam em casa o máximo possível.
Embassy – De robô a exame remoto, Israel inovou na luta contra o coronavírus. Quais são os investimentos e avanços nas pesquisas para o descobrimento de uma vacina eficaz ao combate à Covid-19?
Empresas israelenses estão trabalhando com empenho na área de pesquisa e desenvolvimento para achar uma vacina, como também um medicamento efetivo para tratar e prevenir a Covid-19. Além disso, tecnologia israelense de tratamento a distância (telemedicina) foram aplicados para testes a distância, kits de teste foram enviados para pessoas em quarentena e, assim, os médicos mantiveram atenção máxima com mínimo risco.
Os hospitais usaram robôs para entregar medicamento para os pacientes. Tecnologia de esterilização e higienização molecular de tecidos foi introduzida pela primeira vez e, pela falta de ventiladores, os órgãos da segurança israelense desenvolveram e construíram ventiladores com rapidez nas linhas de produção que dias antes eram utilizadas para construir satélites e foguetes espaciais.
Embassy – Qual a perspectiva em relação ao novo governo de unidade de Israel?
O governo israelense começou o seu trabalho no dia 17 de maio. O Primeiro Ministro Netanyahu ficará no poder por um ano e meio e, depois, o seu oponente principal, agora parceiro, o ex-General Benny Gantz, será o primeiro ministro. As duas principais missões desse governo será a restauração da economia israelense após o corona e promoção do plano americano com parceiros ao redor do mundo, inclusive os países árabes, de paz e prosperidade, que Israel apoia e aceita.