Liz Elaine Lôbo
Produção: Elna Souza
Além da pandemia do novo coronavírus, a Bolívia enfrenta uma crise política. O cancelamento das eleições, remarcada para agosto, causou manifestação da comunidade indígena que não aceita o governo interino.Em entrevista exclusiva à revista Embassy, Kinn fala da expectativa em relação à situação na Bolívia, faz um balanço do tempo de sua missão diplomática e de sua intenção de retornar às atividades empresariais. Projetos binacionais de energia, de um trem bioceânico e de produção agrícola são alguns avanços nas relações bilaterais destacadas por ele. Leia agora a íntegra da entrevista com José Kinn
Embassy – O senhor está acompanhando a situação da pandemia na Bolívia? Qual a avaliação que o senhor faz?
Sim eu estou acompanhando a situação da pandemia no meu país e como em todo mundo o vírus está atacando duramente a meu povo, temos quarentena mas os contágios continuam aumentando. Há muitas criticas com o governo com temas de improvisação e corrupção. Precisamente nestes dias a sociedade boliviana esta muito impactada com a revelação de uma compra de respiradores da Espanha com sobre faturamento de três vezes o valor.
Embassy – A pandemia cancelou as eleições para substituir o governo interno da conservadora Jeanine Áñez, que estavam previstas para 03 de maio. Indígenas pressionam para a realização do pleito. O que é melhor, na visão do senhor?
Sim, o desespero devido à piora das condições de vida e o descaso no tratamento da pandemia, está levando a população a achar que a solução para a crise econômica e da saúde passa por trocar governo pela via das eleições, hoje suspensas, mas já está aprovada uma lei que define ter eleições até primeiros dias de agosto.
Embassy – Tendo cumprido sua missão no Brasil, qual o balanço que o senhor faz do trabalho realizado?
Bom, a agenda Brasil-Bolívia teve um avanço interessante, ainda que um pouco demorada e apesar das diferenças ideológicas entre os nossos governos e a crises econômica e politica do Brasil. Como fatos concretos podemos citar a incorporação de Brasil ao projeto do trem bioceânico, único projeto de integração ferroviária, que já tem 80% do trajeto construído. Se apoiaram as negociações sobre a venda do gás. Se subscreverem acordos com os estados limítrofes com a Bolívia. Se concreto, a outorga por parte do Brasil de um depósito livre para o governo boliviano no porto de Paranaguá. Também se avança num projeto piloto de produção agrícola binacional em nossas fronteiras. Tivemos grandes resultados na luta conjunta do crime transfronterizo. Mostramos parte da riqueza cultural e turística da Bolívia em diferentes eventos. Desenvolveu-se estudos para a geração de energia elétrica no rio Madeira, como empreendimento binacional. Acordamos com o Governo do DF a execução em Brasília de um mural por o grande muralista boliviano, Lorgio Vaca em homenagem aos 60 anos de Brasília, apoiamos ativamente os encontros presidenciais e ministeriais entre outros.
Embassy – O que o senhor destacaria nas relações / parcerias bilaterais?
Como já falei destacaria o tema do trem bioceânico, o tema de geração conjunta de energia elétrica, a continuidade na venda do gás, os temas de segurança transfronteriza, os temas culturais e os temas comerciais de têxteis, calçados da parte brasileira e a ureia e cloreto de potássio da parte boliviana.
Embassy – Do que o embaixador mais vai sentir saudades do Brasil?
Dos brasileiros, eles foram muito hospitaleiros e amistosos comigo, comparti com eles muitas “peladas” de futebol. Fiz belas amizades com cidadãos e cidadãs brasileiras e com muitos membros das missões diplomáticas no Brasil. Adorei assistir a muitas manifestações culturais em Brasília, gosto muito da sua música, o samba, o forró, o chorinho e, claro, a bossa nova. Amo Brasília e parabenizo esta bela cidade pelos 60 anos.
Embassy – Quais são os planos para o futuro?
Eu sou empresário e pretendo retornar a minhas atividades empresariais, e é possível o desenvolvimento de um pequeno projeto de empreendedorismo no Brasil.