Liz Elaine Lôbo/ Súsan Faria
Produção: Elna Souza
Quais as medidas tomadas na Coreia do Sul para diminuir efetivamente a disseminação da COVID-1? Essas e outras perguntas foram respondidas em entrevista exclusiva à revista Embassy pelo embaixador Kim Chan-woo. De acordo com o diplomata, a estratégia tem 3T, teste, restreamento e tratamento, além da cooperação da população. O país está fazendo até 20.000 testes por dia, controlando o tráfego nas fronteiras e dando a devida assistência médica aos doentes. Chan-woo garante que a taxa de mortalidade por COVID-19 na Coreia foi mantida relativamente baixa em 1,64% até 30 de março.
Em relação à economia, o embaixador acredita que como todos os demais países, a Coréia do Sul também passará por uma crise econômica. A seu ver, “foi um golpe fatal, especialmente, para o empresário de pequena escala”. Chan-woo afirmou que o governo sul-coreano vai facilitar o investimento e aprimorar as exportações por meio de um orçamento suplementar revisado equivalente a nove bilhões de dólares.
O embaixador falou ainda à Embassy sobre a campanha Stay Strong que, segundo ele, visa “incentivar e promover uma ação de união solidária e apoio de todo o mundo para superar sabiamente a pandemia”. Indonésia, Malásia, Japão, Filipinas, EUA, México, Tailândia e Tunísia já estão participando. “Também esperamos a participação ativa dos brasileiros”, disse. Leia abaixo a íntegra da entrevista com Kim Chan-woo
Embassy – A Coreia do Sul foi o segundo foco da Covid-19 depois da China, mas controlou a epidemia. O país é atualmente o grande exemplo de sucesso envolvendo o combate ao coronavírus. A que isso se deve?
A estratégia de controle da COVID-19 do governo coreano consiste em 3T (teste, rastreamento e tratamento) e participação cívica. Primeiro, a capacidade robusta de teste de diagnóstico está no centro de nossa estratégia de controle para a COVID-19. Nossa capacidade de teste é de até 20.000 testes por dia.
E o governo está rastreando e testando vigorosamente aqueles que tiveram contato com casos confirmados, utilizando histórico de transações com cartão de crédito, imagens de circuitos fechados de televisão e dados de GPS de telefones celulares quando necessário, dentro do escopo de nossa legislação nacional. Em seguida, graças ao tratamento dos infectados o mais cedo possível, a taxa de mortalidade por COVID-19 na Coreia foi mantida relativamente baixa em 1,64% (em 30 de março).
Finalmente, a estratégia acima do governo coreano diminuiu efetivamente a disseminação da COVID-19, juntamente com o alto nível de confiança pública e conscientização cívica e adesão à higiene pessoal, testes voluntários, auto-quarentena e distanciamento social.
O governo coreano está gerenciando efetivamente o risco associado ao tráfego transfronteiriço, não com as proibições gerais de entrada, mas com a adaptação contínua e o aprimoramento das medidas, como um procedimento especial de entrada projetado para controlar e acompanhar os viajantes que chegam.
Embassy – O governo da Coreia do Sul dobrou o pacote de resgate para empresas afetadas por coronavírus. Quais as mais importantes medidas econômicas adotadas pelo país para minimizar a crise econômica mundial?
Com a rápida disseminação da COVID-19 em todo o mundo, é provável que a ruptura das cadeias industriais globais e a escassez de suprimentos se tornem realidade e possam levar a uma recessão econômica global. A Coreia também não deve ser uma exceção. Muitas empresas coreanas estão enfrentando um grande desafio na dura situação devido à pandemia da COVID-19. Foi um golpe fatal, especialmente, para o empresário de pequena escala.
O governo coreano está tomando várias medidas econômicas para vitalizar a recuperação doméstica, facilitar o investimento e aprimorar as exportações por meio de um orçamento suplementar revisado de 11,7 trilhões de won, equivalente a 9 bilhões de dólares. O governo, em particular, concentra o apoio em trabalhadores informais e grupos sociais vulneráveis. Além disso, quando necessário, formulará o orçamento suplementar revisado extra de 7,1 trilhões de won, equivalente a 5,8 bilhões de dólares.
Embassy – O Brasil cogitou importar testes rápidos para detectar o novo coronavirus da Coreia, isto foi feito?
Sim. Sabemos que algumas empresas médicas coreanas estão tentando exportar seus kits de teste de diagnóstico para o Brasil. Uma empresa já estava em processo de kits de teste para o Estado de São Paulo. Graças à alta avaliação da estratégia de controle da COVID-19 do governo coreano e à qualidade dos kits de teste de diagnóstico coreanos, as demandas sobre as exportações de kits desses testes aumentaram gradualmente no mundo. Nós esperamos fortalecer ainda mais a cooperação em saúde pública e assistência médica no futuro com o Brasil.
Embassy – Que tipo de apoio a embaixada está prestando para os cidadãos sul coreanos no Brasil? Como está o atendimento consular?
Atualmente, a área mais infectada do Brasil é o Estado de São Paulo e a maioria dos coreanos vive e trabalha lá. Mesmo diante de uma situação difícil, a Embaixada da Coreia e o Consulado Geral da República da Coreia em São Paulo tem incentivado a manutenção ou distanciamento social, higiene pessoal, auto-quarentena etc. A prevenção é de grande importância juntamente com o tratamento de casos confirmados. Além disso, estamos tentando ajudar aqueles que retornam à Coreia, informando o possível horário de voo (incluindo trânsito) para que não tenham dificuldades no caminho de volta.
Embassy – A embaixada lançou a campanha Stay Strong. Qual o objetivo principal dela?
Como o medo e a ansiedade estão se espalhando devido à disseminação global da COVD-19 e ao prolongamento da situação, acreditamos que é necessário incentivar e promover uma ação de “união solidária” e apoio de todo o mundo para superar sabiamente a pandemia.O logotipo Stay Strong (Mantenha-se forte!) consiste em uma imagem de mãos dadas para combater o vírus, uma bolha para enfatizar a lavagem das mãos como medida de prevenção e o slogan de Stay Strong.