O embaixador russo no Brasil, Sergey Akopov, disse à RIA Novosti em entrevista dedicada ao Dia do Trabalhador Diplomático sobre as perspectivas de cooperação entre os dois países no setor de energia, sobre se especialistas russos podem construir uma usina nuclear no Brasil, o que impede entregas em larga escala de frutas brasileiras para a Rússia, quais são as perspectivas de cooperação militar e quem está em Moscou aguardando a comemoração do 75º aniversário da vitória.
– O Brasil recorreu à Rússia com um pedido para ajudar na exportação de cidadãos brasileiros da China em conexão com a epidemia de coronavírus e no contexto de declarações da liderança do país sobre problemas financeiros relacionados a esta questão?
– Até hoje, as autoridades brasileiras na embaixada não solicitaram apoio. Como sabemos, nesta fase, a liderança do país decidiu organizar a exportação de cidadãos brasileiros da China usando suas próprias forças aéreas. Esperamos que em breve a situação com a disseminação do coronavírus se estabilize e outras etapas de emergência não sejam necessárias. Ainda não há casos confirmados de coronavírus no Brasil .
– O Brasil respondeu ao convite para visitar a parada da vitória em 9 de maio de 2020? Qual das lideranças do país representará o Brasil?
– O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, foi convidado a participar da celebração do 75º aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica, bem como de muitos outros chefes de Estado, incluindo todos os líderes dos países do BRICS. Ainda não recebemos uma resposta oficial clara de nossos parceiros brasileiros. Aguardamos ansiosamente a reação deles no futuro próximo e esperamos que o Sr. Bolsonaro ou seu representante esteja em Moscou em um dia tão especial para todos nós. A propósito, esse feriado é muito próximo do povo brasileiro: o Brasil é o único país da América Latina que participou diretamente das hostilidades da Segunda Guerra Mundial. A força expedicionária brasileira, como parte das forças aliadas, atuou com sucesso nas batalhas pela libertação da Itália e contribuiu para a nossa vitória comum.
Observamos com satisfação que o Brasil não esquece o grande feito que nossos pais, avós e bisavós realizaram: com o apoio do Ministério da Defesa do Brasil, uma associação nacional de veteranos da Força Expedicionária opera no país. Seus representantes mais de uma vez participaram de eventos dedicados à celebração do Dia da Vitória em Moscou. Há vários anos, por iniciativa de organizações públicas do Rio de Janeiro e de São Paulo, são realizadas ações comemorativas “Regimento Imortal”, que se tornaram uma boa tradição, e sua organização está prevista para este ano.
Somos gratos pelo fato de que, na arena internacional, o Brasil defende posições semelhantes de rejeição de qualquer forma de racismo e xenofobia, bem como tentativas de branquear os crimes do regime nazista e negar o Holocausto. A proximidade de nossas abordagens pode ser rastreada em etapas como o apoio anual do Brasil, inclusive como co-autor, à resolução russa sobre o combate à glorificação do nazismo na Assembléia Geral da ONU.
– Como você avalia as perspectivas de cooperação entre a Rússia e o Brasil no setor de energia, em particular no fornecimento de gás para a república latino-americana? As negociações sobre um possível início desse trabalho entre os dois países?
– A energia continua sendo uma das áreas prioritárias de cooperação entre nossos países. Isso, em particular, é confirmado pelo fato de que, nos últimos anos, o Brasil operou três empresas de energia russas – Rosneft, Gazprom e Rosatom, enquanto a filial brasileira da Rosatom atua como escritório de representação regional da empresa estatal em toda a América Latina. A Rosneft está desenvolvendo um grande projeto de produção de gás na Amazônia, a Gazprom está explorando oportunidades para expandir sua presença no país. Quanto às possíveis entregas de gás russo ao Brasil, essas propostas estão sendo elaboradas, mas até o momento ainda não foi formado um modelo econômico efetivo de cooperação nessa área. Ainda convencido
Observamos com satisfação que o Brasil não esquece o grande feito que nossos pais, avós e bisavós realizaram: com o apoio do Ministério da Defesa do Brasil, uma associação nacional de veteranos da Força Expedicionária opera no país. Seus representantes mais de uma vez participaram de eventos dedicados à celebração do Dia da Vitória em Moscou. Há vários anos, por iniciativa de organizações públicas do Rio de Janeiro e de São Paulo, são realizadas ações comemorativas “Regimento Imortal”, que se tornaram uma boa tradição, e sua organização está prevista para este ano.
Somos gratos pelo fato de que, na arena internacional, o Brasil defende posições semelhantes de rejeição de qualquer forma de racismo e xenofobia, bem como tentativas de branquear os crimes do regime nazista e negar o Holocausto. A proximidade de nossas abordagens pode ser rastreada em etapas como o apoio anual do Brasil, inclusive como co-autor, à resolução russa sobre o combate à glorificação do nazismo na Assembléia Geral da ONU.
– Como você avalia as perspectivas de cooperação entre a Rússia e o Brasil no setor de energia, em particular no fornecimento de gás para a república latino-americana? As negociações sobre um possível início desse trabalho entre os dois países?
– A energia continua sendo uma das áreas prioritárias de cooperação entre nossos países. Isso, em particular, é confirmado pelo fato de que, nos últimos anos, o Brasil operou três empresas de energia russas – Rosneft, Gazprom e Rosatom, enquanto a filial brasileira da Rosatom atua como escritório de representação regional da empresa estatal em toda a América Latina. A Rosneft está desenvolvendo um grande projeto de produção de gás na Amazônia, a Gazprom está explorando oportunidades para expandir sua presença no país. Quanto às possíveis entregas de gás russo ao Brasil, essas propostas estão sendo elaboradas, mas até o momento ainda não foi formado um modelo econômico efetivo de cooperação nessa área. Ainda convencido
– Como alguns varejistas russos restringem temporariamente o fornecimento de frutas e legumes da China, os produtores brasileiros poderão aumentar significativamente as exportações para a Rússia no curto prazo, na sua opinião? As empresas brasileiras expressam interesse nisso?
“Sim, claro.” Brasilpoderia fornecer à Rússia uma ampla variedade de frutas tropicais. Um dos principais obstáculos ao aumento do comércio entre nossos países, em particular o comércio de frutas, é a logística complexa e demorada. Aqui estamos falando não apenas da extensão da rota marítima do Brasil para a Rússia – no final, também existem estados mais distantes de nossas costas, mas também sobre a duração da entrega de mercadorias de áreas de difícil acesso do Brasil. Se a duração do transporte não é tão crítica para os principais itens comerciais bilaterais (os fertilizantes predominam nas exportações russas para o Brasil, e soja, café, amendoim, açúcar, tabaco e outros prevalecem nas exportações brasileiras para a Rússia), o comércio de frutas exige um sistema de transporte rápido e simplificado. Na minha opinião, é por esse motivo que as frutas brasileiras ainda não estão suficientemente representadas no mercado russo,
É improvável que as restrições ao fornecimento de frutas da China que você mencionou tenham um efeito perceptível na importação de frutas brasileiras para a Rússia, pois os problemas de logística desempenham um papel primordial nesse caso. No entanto, o governo brasileiro está atualmente implementando um programa para transferir para a propriedade privada várias instalações de infraestrutura pública, incluindo vários portos marítimos e ferrovias. Se esta proposta for de interesse dos investidores russos, eles poderão construir sua própria rede logística que garantirá o fornecimento ininterrupto de frutas brasileiras ao mercado russo. No entanto, isso exigirá um investimento significativo.
No contexto dos problemas associados à qualidade das bananas entregues à Rússia do Equador e aos riscos de limitar a importação de produtos vegetais do Equador para a Federação Russa, os produtores brasileiros estão interessados em substituir as bananas equatorianas no mercado russo? Eles têm poder suficiente para isso?
– Estamos monitorando de perto as mudanças na situação do comércio exterior, inclusive na esfera da regulamentação do comércio agrícola. Estou certo de que, no caso de suspensão de suprimentos do Equador, que tradicionalmente representava a maior parte das importações russas de banana, os fornecedores brasileiros estarão interessados em fortalecer suas posições no mercado russo. Duvido que a falta de capacidade seja um obstáculo para isso: o Brasil é um dos maiores produtores e fornecedores de bananas do mundo, vendendo-os com sucesso nos vizinhos Uruguai e Argentina, além de EUA e Grã-Bretanha. No entanto, as dificuldades logísticas já mencionadas criarão obstáculos para o estabelecimento de cooperação nesse sentido.
– As negociações entre a Federação Russa e o Brasil sobre a aquisição dos sistemas russos Shell-C1 ainda estão em pausa devido, como explicado anteriormente, a problemas de financiamento? Você vê o interesse do lado brasileiro em continuar a cooperação técnico-militar com a Rússia ou o Brasil vai reorientar essa questão para os Estados Unidos, sucumbindo à pressão de Washington?
– Com o advento do novo governo no Brasil, foram revisados alguns conceitos do desenvolvimento das forças armadas nacionais. De fato, inclusive em meio a problemas financeiros e o desejo da nova liderança de reduzir as despesas orçamentárias, a compra dos sistemas Shell-C1 não era mais considerada pela liderança brasileira como um projeto prioritário de cooperação técnico-militar bilateral. No entanto, continuamos a considerar o Brasil como um mercado promissor para a venda de nossas armas e equipamentos militares. Por exemplo, cooperamos com sucesso com parceiros brasileiros no fornecimento e serviço pós-venda de helicópteros de combate Mi-35M. O lado brasileiro está interessado em comprar outros tipos de armas da produção russa.
Respondendo à segunda parte de sua pergunta, gostaria de dizer que nos círculos profissionais e entre as forças armadas brasileiras prevalece uma abordagem pragmática à construção de cooperação técnico-militar com outros países. Eles conhecem as altas características táticas e técnicas das armas e equipamentos militares russos, e acreditamos que a interação entre nossos países nessa direção tem boas perspectivas.
– A Rússia planeja abrir uma embaixada no Suriname em um futuro próximo? Quando isso pode acontecer?
– Gostaria de lembrar que as relações diplomáticas entre a URSS e a República do Suriname foram estabelecidas há 45 anos, no dia da declaração de independência deste país, em 25 de novembro de 1975 e em abril de 1982, a embaixada soviética foi aberta em Paramaribo. Em 1995, a embaixada russa foi fechada por razões financeiras e, desde então, o embaixador russo no Brasil atua como embaixador no Suriname.
Recentemente, a cooperação com o Suriname vem se desenvolvendo dinamicamente, com base nos princípios da amizade e do respeito mútuo. A colaboração multidisciplinar com Paramaribo faz parte de nosso foco geral na construção de laços com a região da América Latina e Caribe. Um cônsul honorário da Rússia atua no Suriname.
Nesse sentido, é bem possível que, no futuro próximo, surja realmente a questão de abrir ou, antes, restaurar a missão diplomática da Rússia em Paramaribo. Hoje, no entanto, em grande parte graças às novas tecnologias para a rápida transferência de informações, estamos lidando com as tarefas de Brasília.
– O que você acha mais atraente para os brasileiros na imagem da Rússia?
– A Rússia é um país com uma rica herança cultural e histórica, e o Brasil sabe e aprecia isso. Em nosso trabalho, notamos que os temas da cultura clássica russa – literatura, pintura, música, balé – são de interesse genuíno para o público brasileiro. Na minha opinião, é a cultura que é nosso trunfo na luta pelas mentes e corações do mundo, inclusive no Brasil.
Um projeto de referência para nós nesta área é a Escola de Teatro Bolshoi, na cidade brasileira de Joinville, Santa Catarina. Não posso deixar de mencionar isso porque a escola celebra seu 20º aniversário em 2020: eventos festivos estão planejados por ocasião do aniversário em Joinville.
Este é um centro de treinamento exclusivo para futuros bailarinos clássicos de classe mundial, amplamente conhecidos no Brasil e além. Estamos acompanhando de perto o sucesso da escola.