Por Ricardo Della Coletta, da Folhapress — Brasília
Em um gesto ao governo Jair Bolsonaro, os Estados Unidos vão formalizar que consideram uma prioridade o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).Segundo disseram interlocutores à reportagem, os americanos entregaram uma carta à organização oficializando que querem que o Brasil seja o próximo país a iniciar o processo de adesão.
“Os EUA querem que o Brasil se torne o próximo país a iniciar o processo de adesão à OCDE. O governo brasileiro está trabalhando para alinhar as suas políticas econômicas aos padrões da OCDE, enquanto prioriza a adesão à organização para reforçar as suas reformas políticas”, disse a embaixada dos EUA em Brasília.Em outubro, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, enviou um documento ao secretário-geral da entidade, Ángel Gurría, no qual dizia que Washington defendia as candidaturas imediatas apenas de Argentina e Romênia.
A ausência do Brasil naquele documento gerou queixas de que o alinhamento de Bolsonaro com o presidente Donald Trump não estaria trazendo os resultados esperados. Embora a reação negativa no Brasil tenha levado Pompeo a dizer que a carta não representava “com precisão” a opinião americana, a falta de um endosso mais explícito acentuou as críticas contra o alinhamento com os EUA.
Agora, a formalização do apoio foi costurada em Washington justamente para rebater os argumentos de que o Brasil não estaria recebendo nada em troca das concessões feitas aos americanos. De acordo com pessoas que acompanham o tema, os EUA querem que o Brasil “fure a fila” e ocupe o local que era da Argentina.
Até o fim do ano passado a Argentina era governada pelo liberal Mauricio Macri, o que fortalecia o pleito pelo ingresso na OCDE. Com a vitória do peronista Alberto Fernández, os americanos passaram a considerar que as novas autoridades em Buenos Aires deixaram de ver a entrada no chamado clube dos países ricos como uma prioridade. Isso permitiu que a operação de troca fosse realizada.