AF Agência France-Presse
A Índia é novamente abalada por vários casos de estupro e a polícia é acusada de ter matado a “sangue frio” quatro suspeitos, o que causou alegria na população, mas também preocupação por parte dos defensores dos direitos humanos.O caso envolve quatro homens que, segundo a polícia, foram mortos na sexta-feira perto de Hyderabad (sul) após terem pegado as armas de policiais durante a reconstituição de uma cena de estupro, da qual foram acusados. Os quatro estavam detidos há uma semana.A polícia permanecia no local neste sábado de manhã.Segundo o jornal indiano Express, a reconstituição da cena do estupro foi supervisionada por um policial envolvido em dois casos semelhantes em 2008.
– Preocupação – As circunstâncias da morte dos quatro suspeitos durante a reconstituição do estupro em Hyderabad suscitam preocupação entre as organizações de defesa dos direitos humanos e da justiça. Um advogado da Suprema Corte ficou indignado e falou em “assassinato a sangue frio”, e a Anistia Internacional exigiu uma investigação sobre uma suposta execução arbitrária. Uma equipe da Comissão Nacional de Direitos Humanos visitou o local neste sábado. A Comissão afirmou em comunicado que essas mortes provavelmente “transmitirão uma mensagem negativa à sociedade”.
“Ainda que as pessoas detidas fossem efetivamente culpadas, deveriam ser condenadas segundo a lei (…)”, acrescentou a Comissão. O Tribunal Superior do Estado de Telangana, onde os eventos ocorreram, ordenou a conservação dos quatro corpos e que sua necrópsia fosse filmada.Sempre de acordo com a polícia, os quatro homens confessaram durante o interrogatório o estupro coletivo, em 27 de novembro, de uma veterinária de 27 anos, antes de queimar seu corpo sob uma ponte.
O caso revoltou o país, no qual a violência sexual geralmente cobre as primeiras páginas dos jornais, depois de outro estupro coletivo de uma estudante em um ônibus em Nova Délhi em 2012, que provocou comoção internacional. Muitos se ergueram na Índia para exigir uma reação rápida e implacável da justiça. O pai de um dos suspeitos abatidos denunciou um “crime a sangue frio”. “Por que eles foram punidos antes mesmo do final do processo legal?”Já o pai da vítima afirmou que “a justiça foi feita”. No parlamento nacional, a deputada Jaya Bachchan, uma ex-atriz, propôs que os culpados fossem “linchados em público”. Segundo os últimos números oficiais, mais de 33.000 violações foram relatadas no país em 2017, sendo 10.000 vítimas menores de idade.