O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, comentou nesta sexta-feira (08/11/2019) a decisão de o Brasil ter apresentado voto contrário à resolução que condena o embargo a Cuba na Organização das Nações Unidas (ONU). Depois de receber, no Palácio do Itamaraty, ministros de relações exteriores de países integrantes do Grupo de Lima, o chanceler disse que o voto é uma “quebra de paradigma”.
Pela primeira vez em 27 anos, o Brasil votou contra a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que pede o fim do embargo norte-americano a Cuba, alterando uma posição diplomática adotada desde 1992, quando se votou pela primeira vez pela condenação ao embargo, ainda no governo do ex-presidente Fernando Collor de Melo.
A resolução foi votada nesta quinta-feira (07/11/2019) na plenária da Assembleia-Geral da ONU e foi aprovada por 187 votos a favor, três contra, e duas abstenções. Além do Brasil, os únicos países que votaram contra a resolução foram Israel e os próprios EUA. Colômbia e Ucrânia se abstiveram.
“Nós achamos que essa postura, embora o Brasil sempre rejeite o unilateralismo em qualquer circunstância dessa natureza, nós achamos que é absolutamente imperioso quebrar um paradigma que existe há quase 60 anos no ambiente multilateral, que é um paradigma de um certo e incompreensível prestígio que Cuba goza nesse âmbito”, declarou Ernesto Araújo.
De acordo com o ministro, o país cubano desempenha um “papel nefasto” na Venezuela, além de apoiar atividades ilícitas. Como exemplo, Araújo disse que Cuba acolhe organizações terroristas.
“Achamos que é fundamental em todas as instâncias que chamemos a atenção para esse papel que Cuba desempenha há 60 anos, não só na Venezuela, na tentativa de exportar a ditadura para praticamente para toda a América Latina. E nosso voto deve ser entendido nesse sentido”, acrescentou.