Manifestações começaram após anúncio de novos impostos, dentro de pacote de austeridade para combater uma grave crise econômica.Centenas de milhares pessoas foram às ruas no Líbano neste domingo (20/10) para protestar contra o governo e a grave crise econômica que atinge o país. As manifestações, que acontecem pelo quarto dia consecutivo, são as maiores no país nos últimos cinco anos.
Os protestos, iniciados na quinta-feira, continuaram na capital, Beirute e em outros pontos do país, desde Trípoli e Akkar, no norte, até Tiro e Nabatieh, no sul, passando por áreas centrais. Os manifestantes agitavam bandeiras libanesas e cantavam: “O povo quer derrubar o regime”.A Associação de Bancos Libaneses anunciou que todas as agências bancárias – fechadas desde sexta-feira – também não abrem nesta segunda-feira, com o objetivo de “garantir a segurança dos funcionários”.
Os protestos começaram quinta-feira após o governo propor novos impostos, como parte de medidas de austeridade para enfrentar uma crescente crise econômica. “As pessoas não aguentam mais”, avisou Nader Fares, um manifestante no centro de Beirute, acrescentando que está desempregado. “Não há boas escolas, eletricidade e água”, alertou.
O estopim das manifestações, iniciadas de forma espontânea, foi o anúncio de uma taxa para chamadas feitas através da internet, como pelo aplicativo de mensagens Whatsapp, dentro do programa de austeridade. A medida, entretanto, foi retirada devido à pressão das ruas. Casos de corrupção e de má gestão governamental intensificaram a revolta da população.
Os políticos estão agora numa corrida contra o tempo para apresentar um plano de resgate econômico, na esperança de que as novas medidas possam acalmar a população. Na noite de sábado, o líder do partido cristão Forças Libanesas, Samir Geagea, abandonou o governo de coalizão, anunciando a renúncia de seus quatro ministros. Geagea, que chefia o Partido das Forças Libanesas, de direita, afirmou que não acredita mais que o atual governo de unidade nacional, liderado pelo primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, consiga tirar o país da crise econômica.
“Estamos agora convencidos de que o governo é incapaz de assumir as medidas necessárias para salvar a situação. Em consequência, o nosso bloco decidiu pedir aos seus ministros para se demitirem”, declarou. Na noite de sexta-feira, Hariri, tinha dado aos seus parceiros da coalizão governamental um ultimato de 72 horas para aprovarem suas reformas econômicas. O prazo expira nesta segunda. O Líbano é um dos mais países mais endividados do mundo, com dívidas em torno de 86 bilhões de dólares, 150% do Produto Interno Bruto (PIB).