Não sou um cientista político versado e catedrático, logo minha opinião é apenas isso: o ponto de vista de um observador atento. No meu caso, até de alguém que assiste de um ponto privilegiado. Por isso, aconselho que não tratem o tema deste artigo como uma verdade fechada. Feita a observação, prossigo. O mundo está em uma transformação virulenta e as ideologias dominantes de esfacelaram e hoje são incapazes de explicar as relações sociais e políticas.
Muita gente acreditou que a disseminação generalizada de valores do capitalismo pela comunicação de massa seria uma espécie de final da história. Todas as demais linhas de pensamento se curvariam à supremacia das ideias liberais e estas seriam a temática dos governos pelo mundo. Mas os últimos anos e as muitas revoltas espontâneas ocorridas pelo mundo, seja no Ocidente, seja no Oriente, têm deixado evidente que, pelo jeito, todas as formas de pensamento que prevaleceram até então, simplesmente, falharam.
Como efeito prático dessa derrocada das matizes ideológicas e econômicas, muitos aventureiros ganharam os corações dos eleitores e parte do mundo, incluindo o Brasil e o DF, jaz na incerteza do desconhecido. Sem nenhum juízo de valor, até pela incipiência dos governos – no caso brasileiro e candango – podemos dizer que dificilmente teremos governos amplamente aprovados, como já ocorreu por aqui, ou extremamente rejeitados, como foram os dois últimos governantes do Distrito Federal.
Isso porque, penso, a ideologia tende a condicionar um conjunto de características culturais partilhadas por amplos segmentos da sociedade, moldando suas visões de mundo. Mas qual é a ideologia dominante hoje? Em Brasília, a maioria é azul, vermelho ou verde? Essa lógica, parece, está enterrada e as torcidas organizadas extintas juntamente com as lideranças que um dia representaram essas ideias.
Ainda é difícil prever o que emergirá como eixo do pensamento desse admirável mundo novo, mas um contorno, acredito, já está meio claro: não se faz mais política sem ouvir o povo, sem entender e atender às graves questões e diferenças sociais e, acima de tudo, sem zelar pela lisura de ações e sinceridade dos mandatos. Quem não entender essa roda viva que está sugando todas as ideias para um enorme vórtice será tragado pelo ostracismo e, aí sim, as histórias destes terão um ponto final.
Deputado Robério Negreiros (PSD), 2º Secretário da Mesa Diretora da CLDF