Manifestantes detiveram oito policiais nesta quinta-feira (10) em um centro cultural de Quito, capital equatoriana. A revolta ocorreu depois da notícia de mais uma morte de civis nos protestos no Equador, que começaram há uma semana.
No ato, os ativistas obrigaram um policial a amarrar uma bandeira equatoriana no corpo e portar um símbolo de algumas das culturas indígenas do país. Todos também tiveram de retirar as botas e aparecer em público. Eles foram liberados minutos depois, sem ferimentos.
A Defensoria do Povo do país afirma que cinco pessoas – entre elas um líder indígena – morreu desde o início das manifestações. O governo do Equador, porém, diz que houve dois mortos. “Com o sangue de nossos irmãos, não vamos negociar”, afirmou o líder indígena Jaime Vargas à multidão no local.
Ainda de acordo com o órgão, 266 pessoas ficaram feridas e 864 foram presas nas manifestações. Dos detidos, 80% foram libertados por falta de provas.
Não é a primeira vez que policiais são mantidos reféns no Equador. Estima-se que manifestantes tenham encurralado mais de 50 agentes de segurança desde o início dos protestos.
Protestos no Equador
As manifestações começaram por causa do fim subsídio estatal aos combustíveis, que existia havia quatro décadas. Com isso, o preço dos combustíveis subiu mais de 120% – uma medida acertada, inclusive, com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na quinta-feira passada, quando os protestos começaram, o presidente do país, Lenín Moreno, decretou estado de exceção. Com a decisão, o governo ficava autorizado a enviar militares às ruas para conter as manifestações.
Porém, a decisão não desmobilizou os manifestantes, que fizeram greve geral na quarta-feira. Antes, os manifestantes furaram bloqueios e invadiram a sede do Parlamento equatoriano, o que colocou as autoridades em alerta.
Nesta quinta-feira, segundo a imprensa local, servidores da limpeza e voluntários fizeram operação para limpar as ruas após os protestos da greve geral.
A maioria dos países da região condenou os protestos. O Brasil e outros seis países latino-americanos – Argentina, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Paraguai e Peru – reiteraram apoio a Moreno e rechaço ao regime de Nicolás Maduro na Venezuela: o presidente equatoriano sugeriu que o chavista tenha interesses por trás das manifestações. Nesta quinta, o Chile se uniu aos países que apoiam o atual chefe de governo do Equador.