Unesco anunciou decisão de incluir na lista as bebidas conhecidas mundialmente por sua complexidade.
A criatividade contida em cada cerveja belga é motivo suficiente para abrir uma garrafa e degustar, mas caso você precise de mais uma desculpa, faça para celebrar. Famosas em todo o mundo por sua grande variedade e complexidade, as cervejas da Bélgica agora são consideradas Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco.
A decisão foi anunciada no dia 30 de novembro e é motivo de festa para os cervejeiros do país e entusiastas ao redor do planeta. Desde a era medieval, a escola cervejeira belga é considerada a mais criativa do mundo, com marcas consagradas como a Leffe e a Stella Artois e também a desejada DeuS. O país é conhecido por ter criado dezenas de estilos diferentes da bebida: as leves Witbiers, as robustas Dark Strong Ales, as refrescantes Saisons, as azedas Lambics e as requintadas Bière Brut.
No país a cerveja não é apenas uma simples bebida, mas sim uma parte importante da cultura e da história. Retratada em obras de arte e celebrada em todas as cidades, ela também é parte da culinária belga em receitas que adicionam-na como ingrediente, como em queijos curados na cerveja e em harmonizações ricas.
A fama dos mosteiros – A escola cervejeira belga é uma das mais importantes do mundo. E isso tem muito a ver com as bebidas produzidas em mosteiros e abadias. De acordo com a Unesco, existem em torno de 1500 diferentes tipos da bebida no país, que se destaca pelo uso de distintos tipos de fermentação. A precisa manipulação das leveduras unida à ousadia ao incluir ingredientes diversos, como especiarias e frutas, faz com que até cervejas delicadas tenham uma complexidade aparente em aromas e sabores.
Os mosteiros e abadias do país foram responsáveis por alguns desses estilos e produzem até hoje variedades como Blond Ale, Strong Golden Ale e Saison. Os monges das seis cervejarias trapistas do país também contribuíram decisivamente para a fama de suas criativas garrafas, e produzem até hoje estilos como Dubbel, Trippel e Dark Strong, entre outros. Além disso, as bebidas feitas por eles têm renda revertida para manter o mosteiro e para ações sociais nas comunidades.
O antigo e o novo lado a lado – No país de cervejas centenárias há espaço para o novo e o antigo. Tanto que cervejarias belgas incorporaram estilos que renasceram nos últimos anos como as IPAs, mas sem deixar de darem seu toque particular para criar uma Belgian IPA, por exemplo. Enquanto isso, em regiões como a de Bruxelas ainda resistem as tradicionalíssimas Lambics, feitas através de fermentação espontânea, a forma mais antiga de se produzir a bebida ainda em uso.
Inspiração para a revolução – Desde a década de 1970, a cerveja passa por uma revolução, especialmente nos Estados Unidos. O país foi o primeiro fora da Europa a ser considerado por muitos como uma nova escola cervejeira. E a Bélgica tem tudo a ver com isso, pois os estilos e a criatividade de suas bebidas são as principais inspirações de boa parte das novas cervejarias norte-americanas.