Milhares de professores foram às ruas neste sábado (17) em Hong Kong para participar dos protestos contra o governo. O território semiautônomo é palco de protestos há vários dias e os militantes dizem temer que a polícia chinesa, atualmente posicionada na cidade fronteiriça de Shenzen, entre em ação.
A mídia estatal chinesa divulgou imagens de soldados e tanques na cidade. Na quinta-feira (15), o governo chinês advertiu que não ficará “de braços cruzados”, se os protestos pró-democracia continuarem no território semiautônomo. Na quarta (14), Pequim já havia criticado agressões “de tipo terrorista” contra seus habitantes que aconteceram na terça (13) durante os confrontos no Aeroporto Internacional de Hong Kong.
Na noite desta sexta-feira (16), milhares de manifestantes se reuniram em um parque da cidade para uma vigília destinada a pedir sanções internacionais contra os líderes do governo local.
Fim de semana terá vários protestos
O movimento pró-democracia de Hong Kong tem pela frente um fim de semana crucial. Como a violência dos protestos prejudicou a imagem do movimento, manifestantes prometem para este fim de semana atos pacíficos, apesar de o risco de novos confrontos ser grande.
O ponto alto do fim de semana será a manifestação prevista nesta domingo (18) pela Frente Cívica dos Direitos Humanos, que originou o movimento popular em junho. O objetivo é mostrar que o movimento continua a ter grande apoio popular, apesar dos confrontos no aeroporto internacional de Hong Kong.
Trump quer conversar com presidente chinês
Depois de não ter falado nada sobre essa situação por semanas, o que o levou a ser acusado de manter uma posição indulgente para com o regime chinês, o presidente americano, Donald Trump, disse estar “preocupado” com o risco de repressão violenta.
A declaração pode piorar ainda mais as relações entre ambos os países, mergulhados em uma guerra comercial. Trump também anunciou que planeja falar em breve com o presidente chinês, Xi , e exigiu que Pequim “resolva o problema em Hong Kong de maneira humana”.
Série de protestos em Hong Kong
Os protestos, cada vez mais violentos, mergulharam o centro financeiro asiático em sua mais séria crise política em décadas, representando um desafio para o governo central em Pequim. O território tem vivido em um ritmo de protestos praticamente diários.
As manifestações populares começaram em 9 de junho depois que o governo local apresentou um projeto de lei – atualmente suspenso – que permitiria a extradição de cidadãos de Hong Kong para a China continental.
O governo recuou do projeto, mas os manifestantes ampliaram a pauta de reivindicações e dizem que lutam contra a erosão do arranjo “um país, dois sistemas” – que confere certa autonomia a Hong Kong desde que a China retomou o território do Reino Unido em 1997.
Os manifestantes querem barrar a influência de Pequim, que eles consideram crescente, e impedir a redução das liberdades dos cidadãos que vivem no território semiautônomo. Eles também passaram a pedir a renúncia da governante de Hong Kong, Carrie Lam, acusada de não defender os interesses internos. Apoiada pela China, ela diz que permanecerá no poder.
Sem um líder, os manifestantes utilizam as redes sociais para coordenar os protestos e, até agora, conseguiram poucas concessões do poder político. Eles já invadiram o Parlamento local, decretaram uma greve geral que travou os transportes públicos e fizeram um protesto pacífico utilizando canetas com laser.
A China, que apoia o governo local, tem endurecido o tom com os manifestantes nas últimas semanas. Os protestos foram descritos por Pequim como um plano violento, orquestrado por fundos estrangeiros para desestabilizar o governo central.
As autoridades chinesas advertiram os manifestantes de Hong Kong para que não subestimem “a firme determinação e a imensa força do governo central da China” e “não brinquem com fogo”, em uma clara ameaça de intervenção direta na repressão das manifestações.