Um tribunal na Itália suspendeu nesta quarta-feira (14) uma medida que proibia a entrada do navio espanhol “Open Arms” – embarcação de resgate de migrantes no Mediterrâneo – em águas italianas.
A embarcação passou 150 dias no mar com cerca de 150 migrantes a bordo, segundo o jornal italiano “Corriere della Sera”. Assim, o barco deve chegar ao porto de Lampedusa – ilha da Itália no sul do Mediterrâneo – ainda nesta quarta.
Na decisão, o tribunal entendeu que a proibição violava leis internacionais diante da “excepcionalmente grave e urgente situação gerada pela longa espera dos migrantes na embarcação”.
O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, havia proibido que o navio adentrasse águas nacionais. Após a decisão, o político prometeu recorrer e assinar nova proibição. “Cúmplice de traficantes de seres humanos eu nunca serei”, disse.
Celebridades como o ator Richard Gere também pressionaram recentemente Salvini a voltar atrás da decisão, o que não ocorreu.
A questão migratória na Itália, inclusive, é uma das bandeiras de Salvini, que tenta dissolver o governo e convocar novas eleições após a quebra da coalizão entre o partido dele – A Liga – e o Movimento 5 Estrelas.
Em julho, a capitã do navio humanitário “Sea-Watch”, a alemã Carola Rackette, foi presa após a embarcação com 41 migrantes entrar em águas italianas mesmo com o veto de Salvini. A Justiça italiana a libertou em seguida, o que enfureceu o ministro do Interior.
O “Open Arms” também participou de outras operações em outros países. Em 2018, a embarcação levou 60 migrantes à Espanha após ser rejeitada na Itália.
ONU pede mais liberações
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) pediu na terça-feira que governos de países europeus permitem, imediatamente, a entrada de 500 pessoas resgatadas no Mediterrâneo e que ainda estão em navios no aguardo de liberações.
De acordo com o órgão, quase 600 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo enquanto faziam a travessia entre a Líbia e a Itália.
A União Europeia também pede que os países integrantes do bloco tomem alguma atitude para receber esse fluxo. O órgão, entretanto, não tem poder para intervir.